TURISMO INTERNO
 

TURISMO INTERNO

Depois de mais de 500 dias sem férias, decidi revisitar o interior do nosso país.

Não pretendo traçar um roteiro das minhas viagens, nem fazer uma espécie de diário de bordo.

No entanto, os últimos VINTE dias foram de verdadeiras expedições, não do tipo COLOMBO ou DIOGO CÃO, mas foram tão ricas, que era possível ver a lua e as estrelas sorrirem, as árvores a acenarem para mim, os rios levarem a minha gratidão ao mar.

Mas, toda essa beleza natural, deixou-me com sabor agri-doce na alma.

Se por um lado, fui tomado pelo êxtase provocado por aqueles lugares divinos, autenticos paraísos no nosso país e, confesso que, tive mesmo a senssação, de que, Adão e Eva teriam vivido nesses lugares antes de chegarem junto dos rios Tigre e Eufrates, por outro lado, a tristeza de ver autenticas fontes de arrecadação de receitas, sem ninguém para explorar, deixou-me com o coração enferrujado.

Ver tantas grutas, cascatas, rios, montanhas e uma paisagem que se confunde com um cenário de filme paradisíaco, nas profundezas do interior de Angola, me fez lembrar do lema: “A VIDA FAZ-SE NOS MUNICÍPIOS” não apenas nas cidades.

Malange, Uíge, Bié, Cuanzas Norte e Sul, Lundas Norte e Sul, Huambo, Huíla, Zaire e Cuando Cubango, têm pontos turísticos que fazem chorar de alegria e espanto os visitantes! É muita beleza a ser desperdiçada!

Onde andam os empresários que não conseguem ver nesses lugares, verdadeiras fontes de receitas?

A natureza já nos deu tudo, bem planeado, podem se fazer coisas maravihosas sem agredir o ambiente ou descaracterizar as aldeias e tornar esses lugares rentáveis.

Será a doença do imediatismo o nosso problema? Será que as agências de turismo não podem criar pacotes para visitas a esses lugares e deixarem uma parte das receitas para aquelas comunidades?

Pela primeira vez, percebi que, temos água e morremos de cede, temos comida e morremos de fome, temos calçados e andamos descalços, temos roupas e, não preciso dizer o resto!

O órgão de tutela só precisa encontrar pessoas com esmose, com ideias férteis para trasnsformar as nossas belezas naturais em riquezas para o PIB, e nem precisam ser funcionários do Ministério.

Que tal investir as verbas que se dão aos assessores nessas pessoas que pensam! Como diz um amigo meu, “pessoas com a fiosofia chinesa”, criativas, e que, trabalham sem olhar para ao relógio!

 Tal como todas as cascatas que visitei do Norte ao Sul de Angola, o turismo é uma fonte inesgotável de rendimentos que seriam úteis para as populações que vivem ao lado desses emprendimentos da natureza, para empresários e como já referi para o Estado.

Depois de muitos anos, não pude deixar de me lembrar da lição da 4ª Classe: ANGOLA É UM PAÍS RICO E BELO, e é mesmo! Bem executado, o turísmo pode ser a segunda maior fonte de receitas do Estado.

Podem crer que O que vi me absolveu. Nunca mais serei o mesmo, até os vários modelos e materiais usados para a construção das suas casas são imprecionantes.

O sorriso e as formas das montanhas que noite e dia beijam o céu, encantam qualquer mortal.

A felicidade estampada nos rostos dos aldeões, mesmo com pouco, materialmente, fizeram-me pensar no conceito de “prioridade”. Como eles conseguem?

Não posso deixar de referir que não vi crianças pedintes e, os idosos são acolhidos pela comunidade.

Lugares assim, nos dão verdadeiras lições sobre partilha, sobre colocar-se na pele do outro, sobre caminhar juntos, sobre amor, sobre humanidade!

JOSÉ OTCHINHELO

  (16.11.2021)

 

Data de Emissão: 16-11-2021 às 10:00
Género(s): Crônica
 

Relacionados