Discurso do PR na mini-cimeira sobre a paz na RCA

Íntegra do discurso proferido por João Lourenço Presidente  em Exercício da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos

Permitam-me saudar Vossas Excelências e desejar-lhes as boas vindas a Luanda, cidade capital de Angola, que comemorou 445 anos de existência no passado dia 25 de Janeiro e onde  se realiza esta Cimeira da CIRGL em formato reduzido, que se debruçará sobre a preocupante situação de insegurança reinante na República Centro Africana. 

Agradeço a Vossas Excelências por terem correspondido ao meu convite para participarem presencialmente nesta Mini Cimeira, apesar do período conturbado e de incertezas que vivemos, provocado pela pandemia da covid-19, num sinal de inequívoco interesse e preocupação pelos problemas candentes da Região dos Grandes Lagos e em especial da República Centro Africana, onde se vem observando o recrudescimento do conflito desde as eleições presidenciais realizadas a 27 de Dezembro último. 

Excelências, 

Na qualidade de Chefes de Estado, temos a responsabilidade de defender a paz, a segurança e a estabilidade política e social dos países que integram a nossa sub-região. Queremos uma sub-região dos Grandes Lagos livre de conflitos armados, de desnecessárias mortes, destruição e deslocações forçadas das suas populações. Queremos desenvolvimento económico e social, prosperidade para os nossos povos, o que só é possível se trabalharmos unidos na resolução dos conflitos existentes, que se arrastam por demasiado tempo. 

Considero, portanto, que esta Cimeira de Luanda constitui uma oportunidade a não desperdiçar na busca dos melhores caminhos para se alcançar uma solução justa e sustentável, que garanta a Paz e a Segurança na República Centro Africana. 

Aproveito esta tribuna para lançar, em nome da CIRGL, um apelo vibrante a toda à classe política e à sociedade civil centro-africana, no sentido de ultrapassar com sentido patriótico, e na defesa dos superiores interesses da Nação, as divergências reais ou forjadas que ainda prevaleçam. 

Assumamos um papel construtivo e influenciador junto das forças vivas da República Centro Africana, para que compreendam a inviabilidade da via militar para a solução do conflito e se predisponham a aceitar o diálogo com o governo legítimo do país. 

Não podemos observar, de forma passiva, a situação inaceitável que se desenrola naquele país, cujo governo legítimo está inexplicável e injustamente condicionado pela Resolução 2536 de 2020 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no que respeita à sua função essencial de garantir a segurança e a protecção das populações, deixando-o numa situação de grande fragilidade, face à crescente facilidade das forças rebeldes em adquirir armas de todos os calibres e poder de fogo.

Toda nossa acção em prol da Paz e Segurança na República Centro Africana será desenvolvida em estreita cooperação com o Presidente da Comissão da União Africana e com o Secretário Geral das Nações Unidas, a quem reportaremos com regularidade.

Excelências, 

Permitam-me que termine expressando o meu desejo de que as nossas discussões produzam conclusões que ajudem, de forma prática, na melhoria da situação vigente, actualmente, na República Centro Africana, com vista a permitir que se inicie uma nova era de paz, estabilidade e de prosperidade para os povos da nossa sub-região. 

Muito obrigado a todos pela atenção.

Data de Emissão: 29-01-2021 às 00:00
Género(s): Discurso
Tópicos(s): Grandes lagos, João Lourenço, RDC
PARTICIPANTES
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