O Estado da economia, edição 08 de Julho 2022
  • PIB CRESCE 2,6 POR CENTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

PIB cresce 2,6 por cento no primeiro trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB) registou um crescimento homólogo de 2,6 por cento no primeiro trimestre de 2022, sob a influência do desempenho do sector petrolífero, segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com os dados do INE, publicados quinta-feira, o Valor Acrescentado Bruto do Petróleo teve um crescimento de 1,9, no I trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021, contribuindo em 0,47 pontos percentuais na variação total do PIB.

O INE justifica este crescimento com vários factores, entre eles o aumento da procura da Europa e da Índia “devido à normalização paulatina do modo de viver das pessoas” e tentativa de golpe de Estado no Cazaquistão associada à redução da quantidade produzida pela Líbia que impulsionaram o aumento da procura do petróleo na África Ocidental, incluindo as ramas angolanas.

Todos os sectores não-petrolíferos cresceram, em termos homólogos, excepto o dos diamantes e a intermediação financeira.

A Agropecuária e Silvicultura tiveram uma variação homóloga de 3,0 por cento, no primeiro trimestre, que se deveu ao aumento da produção das culturas agrícolas e da pecuária, enquanto a Pesca teve um aumento de 5,4 por cento, em relação ao trimestre homólogo, devido ao ligeiro aumento da captura no período em referência.

O documento assinala, ainda, uma retracção de 14,7 por cento na Intermediação Financeira e de Seguros, motivada pela queda dos rendimentos dos bancos comerciais.

Já o sector dos diamantes teve uma queda homóloga brusca de 28,3 por cento, justificada com a suspensão do terminal da Socomar, aumento da tarifa portuária e instabilidade nos mercados de origem do produto associados ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

A Indústria Transformadora avançou 2,0 por cento, reflectindo a variação positiva na ordem dos 11 por cento na produção no ramo alimentar, particularmente no sector das moageiras, massas e produtos de padaria que pesa mais de 60 por cento no total dos sectores industriais.

O sector dos Transportes aumentou 31,3 por cento, traduzindo um crescimento no subsector aéreo, fruto do aumento de frequências de voos, devido ao alívio das medidas de combate à Covid-19 e, por outro lado, à entrada em funcionamento de novos operadores no serviço de transporte urbano em Luanda.

O Valor Acrescentado Bruto da Telecomunicação subiu 2,4 por cento, devido ao aumento da produção das Unidades Tarifárias de Telecomunicações (Utt) motivadas pelo maior consumo de serviços de comunicações, associado à entrada da nova empresa Africell no mercado interno.

O Valor Acrescentado Bruto da Electricidade teve um aumento de 2,5 por cento, o da Construção registou um crescimento na ordem de 4,1, devido ao ligeiro aumento de materiais de construção de origem nacional e importada, e o Comércio um acréscimo de 1,6, registando-se  aumentos significativos na produção agrícola, pesca e bens manufacturados destinados a essa actividade.

O Valor Acrescentado Bruto do Governo teve uma subida de 7,2 por cento resultante do facto de o sector público incrementar o valor da remuneração declarada face ao período homólogo, bem como as actualizações, promoções faseadas das distintas categorias e entrada de funcionários públicos.

No caso do imobiliário, o crescimento de 2,9 por cento, justifica-se pelo facto de ser usada a taxa de crescimento da população, bem como a oferta de imóveis em modalidade de renda resolúvel

O Valor Acrescentado Bruto dos Outros serviços registou um crescimento de 4,8 por cento, associado ao aumento significativo da actividade de hotelaria e restauração, com maior peso nesta categoria.

Em termos trimestrais, o PIB cresceu 4,3 por cento na passagem do quarto trimestre de 2021 para o I trimestre de 2022, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal.

As actividades que contribuíram positivamente para a variação do PIB no primeiro trimestre de 2022 face ao trimestre anterior foram a Extracção e Refinação de Petróleo, com 4,93 por cento; Electricidade e Água 0,004; Construção 4,69; Correios e Telecomunicações 0,58; Intermediação Financeira 0,56; Administração Pública 0,41 e Outros Serviços 0,31.

 

  • GOVERNO VAI SIMPLIFICAR DOCUMENTOS PARA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Governo vai simplificar documentos para importação e exportação

Gaspar dos Santos-ANGOP

 

Luanda – O Governo vai reduzir o Documento Único (DU) provisório e o Documento Único definitivo a Documento Único, de formas a facilitar o processo de importação e exportação de produtos, revelou, esta quarta-feira, a administradora da Administração Geral Tributária (AGT), Nerethz Tati.

Falando à margem da 1ª sessão  plenária de 2022 do Comité  Nacional de Facilitação  do Comércio (CNFC), na qualidade de membro do secretariado do CNFC, sublinhou que a substituição do DU provisório e definitivo para DU vai facilitar a cadeia de importação e exportação, evitando o preenchimento repetido de documentos.

De acordo com a responsável, o que se pretende é, no âmbito da Plataforma Integrada do Comércio Externo, “que já está em vigor, garantir que o DU reflicta exactamente o mesmo formulário que o DU definitivo contempla, permitindo que os campos sejam os mesmos”.

Explicou que com esse processo, ao nível da cadeia, conseguirão ter uma fiscalização mais assertiva e também ao nível da facilitação os contribuintes não terão de preencher vários formulários na cadeia.

Referiu ainda que a facilitação prevê a redução de etapas de preenchimento a nível dos operadores da cadeia.

A estratégia, segundo a fonte, foi criada pela equipa técnica, que assegura haver condições para a entrada em vigor do formulário a partir deste mês de Julho.

“Perspectiva-se que, a partir deste mês de Julho, o Instituto Modernização Administrativa “possa a garantir que a plataforma tenha as condições criadas para que Agosto e Setembro o formulário entre em vigor”, reforçou.

Na ocasião, o ministro  da Indústria  e Comércio, Victor Fernandes, que presidiu a 1ª sessão  plenária de 2022 do CNFC, destacou a importância da implementação do acordo de facilitação do comércio, considerando-o um marco importante de cariz obrigatório no país.

Salientou que o acordo obriga a adopção de diversos instrumentos e práticas internacionais para a facilitação da cadeia logística do comércio externo.

Realçou que há ainda a necessidade de se trabalhar em estreita colaboração com os órgãos que compõem a Comissão de Mercado de Capitais (CMC) na implementação das medidas que concorrem para a melhoria do tempo do despacho, trânsito de mercadorias, simplificação dos encargos e taxas incidentes no Comércio Externo.

O Documento Único  (DU) é o formulário comum de declaração aduaneira de importação.

A plenária abordou, entre outros temas, a situação do Programa do Operador Económico Autorizado (OEA), da Gestão Coordenada de Fronteiras (GCF), bem como o estado da Plataforma Integrada do Comércio Externo (PICE), além de uma abordagem sobre o Plano de Formações do CNFC.  

O CNFC é composto por representantes dos ministérios da Indústria e Comércio, da Economia e Planeamento, das Finanças, das Relações Exteriores, do Interior, dos Transportes, da Saúde, da Agricultura e Pescas, do Banco Nacional de Angola, de associações empresariais, câmara dos despachantes oficiais e outras entidades.

 

 

  • PRORROGADO PRAZO DO PAGAMENTO DO IMPOSTO SOBRE OS VEÍCULOS MOTORIZADOS
  • Prorrogado prazo do pagamento do Imposto sobre os Veículos Motorizados
  • O pagamento do Imposto sobre os Veículos Motorizados (IVM) foi prorrogado até o dia 8 de Julho do corrente, sendo a data limite para o pagamento sem multa, anunciou, sexta-feira, a Administração Geral Tributária (AGT).

O IVM incide sobre automóveis ligeiros e pesados, motociclos, ciclomotores, triciclos e quadriciclos, aeronaves e embarcações.

  • Para o pagamento do IVM, os proprietários de veículos motorizados podem dirigir-se às repartições fiscais ou acessar o website www.agt.minfin.gov.ao e o portal https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao, de acordo com uma nota de imprensa da Administração Geral Tributária (AGT), a que a ANGOP teve acesso esta sexta-feira.
  • O incumprimento da obrigação de pagamento do IVM implica a aplicação de uma multa, à taxa de 25% sobre o valor do imposto. 
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  • O imposto, que substitui a antiga Taxa de Circulação (extinta em 2020), é pago voluntariamente, todos os anos, entre 1 de Janeiro e o último dia útil de Junho.

 

  • EURO CONTINUA SOB PRESSÃO E CADA VEZ MAIS PERTO DE ATINGIR A PARIDADE CONTRA O DÓLAR

 

Euro continua sob pressão e cada vez mais perto de atingir a paridade contra o dólar

Investidores estão a apostar na queda da moeda única europeia perante a perspetiva de uma recessão. Analistas falam em “tempestade perfeita” que se abate sobre o euro.

Oeuro continua sob enorme pressão e está cada vez mais perto de atingir a paridade contra o dólar. Com a economia europeia a encaminhar-se para uma recessão, penalizada pelos altos preços da energia, os investidores estão a apostar forte na desvalorização da moeda única, com os analistas a falarem numa “tempestade perfeita” que se abate sobre a divisa da Zona Euro.

Pela primeira vez desde 2002, o euro transacionou esta quarta-feira abaixo da fasquia dos 1,02 dólares, estando a recuar 0,87% para 1,0177 dólares. Está na iminência de atingir a paridade contra a divisa americana, isto é, um euro equivale a um dólar. Isto já não acontece há duas décadas.

Apostar na queda do euro virou uma moda por estes dias, segundo os analistas do Nomura e do HSBC. A agência Bloomberg antecipa que há uma probabilidade de 50% de o euro atingir a paridade contra o dólar no próximo mês.

Euro sob pressão

O que vai na mente dos investidores? A possibilidade de a Rússia cortar o fornecimento de gás à Europa poderá atirar a economia para uma recessão, originando um choque que tornará mais difícil ao Banco Central Europeu (BCE) para aumentar as taxas de juro e acompanhar assim as subidas promovidas pela Reserva Federal norte-americana para conter a inflação. Subir os juros tende a dar força à moeda. O BCE conta subir os juros em 25 pontos base na próxima reunião de 21 de julho, enquanto a Fed já aumentou as suas taxas em 1,5% desde março.

“Se assistirmos a um racionamento do petróleo na Europa por causa dos cortes da Rússia, vamos ter uma recessão significativa na Europa. Poderá ser um longo inverno”, disse Kaspar Hense, analista da Blue Asset Management, citado pela Bloomberg, apontando para uma queda do euro para os 90 cêntimos de dólar se os russos cortarem a energia aos europeus.

A Agência Internacional de Energia não excluía cortes nos fluxos de gás para a Europa dado o “comportamento imprevisível” da Rússia.

“A Europa está a reduzir a dependência da energia da Rússia, mas não a um ritmo acelerado o suficiente para evitar uma recessão se os pipelines forem fechados. Se isso acontecer, a taxa Euro/Dólar poderá cair outros 10% ou mais”, considera Kit Juckes, do Société Générale.

Van Luu, da Russel Investment, acrescentou outro fator que está a criar enorme perturbação no mercado cambial do euro: o aumento dos spreads da dívida italiana. “É a tempestade perfeita para o euro neste momento”, disse.

Desde que o BCE anunciou em junho que ia aumentar as taxas de referência, os investidores têm castigado mais a dívida de Itália e a aumentar os riscos de fragmentação na Zona Euro. O banco central anunciou uma ferramenta anti-crise que está longe de ser consensual.

Data de Emissão: 08-07-2022 às 00:00
Género(s): Economia
 

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