Economia sem Makas, Petróleo acima dos 70 dólares com guerra Irão Israel
ECONOMIA SEM MAKAS
Edição de 17 de Junho de 2025
Comentário: Carlos Rosado de Carvalho
Apresentação: Manuel Vieira
Tema: Petróleo acima dos 70 dólares com guerra Irão-Israel
A subida do preço do petróleo já era uma situação prevista, principalmente devido ao escalar de mais um conflito — desta vez, entre o Irão e Israel. O preço do petróleo está acima dos 70 dólares por barril, impulsionado pela tensão na região.
Carlos Rosado de Carvalho explica que o aumento resulta essencialmente do receio de uma possível interrupção no abastecimento global de petróleo, uma vez que o Irão ocupa uma posição estratégica nesse mercado. A região do conflito é responsável por uma parte considerável da produção mundial de petróleo.
Contudo, até agora não há rutura efectiva no fornecimento. O que se tem verificado são suspensões de voos e perturbações no tráfego aéreo, mas o transporte marítimo de petróleo continua a operar normalmente.
Carlos Rosado destaca que, apesar do aumento, Angola beneficia indiretamente desse cenário, porque o petróleo continua a ser uma fonte essencial de receitas. Ainda assim, ressalva que o problema não tem sido o preço, mas a baixa produção interna, que está abaixo do orçamentado.
🔸 Impactos económicos em Angola:
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PIB: influência atual calculada em cerca de 20% (INE), embora estudos internacionais apontem que 85% da economia angolana é afetada por alterações no preço do petróleo.
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Exportações: 95% dependentes do petróleo.
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Receitas públicas: cerca de 60%.
Mesmo com o preço médio de 75 dólares no primeiro trimestre, as receitas não têm correspondido, em parte devido à quebra na produção petrolífera e também ao mau desempenho da receita fiscal não petrolífera.
Além disso, há impactos sociais: o INSS já anunciou atrasos no pagamento de pensões, com pensionistas a receber depois do habitual devido, alegadamente, a problemas de tesouraria do Estado.
Carlos Rosado lembra que o aumento atual do preço do petróleo não altera a tendência global, que continua a ser de descida:
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Aumento da produção pelos EUA e pela OPEP.
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Tarifas comerciais que reduzem a procura.
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Maior oferta global, menor procura → tendência de queda no preço do petróleo.
Apesar dessa “folga temporária” proporcionada pela guerra, o analista defende que o Executivo deve manter a disciplina orçamental, controlar melhor a despesa pública e apresentar um plano claro para lidar com a descida do preço e produção de petróleo.
Por fim, considera um erro o Ministério das Finanças não comunicar publicamente o seu plano de contingência, mesmo sem apresentar um orçamento ratificativo.