Economia sem makas: Governo apresentou ontem o outlook para a economia angolana e as perspectivas não são as melhores

Mário Caetano João avançou estes dados na abertura da 2.ª edição do Angola Economic Outlook 2023, que se realizou, em Luanda, subordinado ao tema “O Capital Humano como Factor Decisivo para o Desenvolvimento”, organizado em parceria com a revista Economia e Mercados.

O governante angolano frisou que Angola espera, pelo terceiro ano consecutivo, registar um crescimento económico, salientando que o Fundo Monetário Internacional (FMI), na sua mais recente publicação do World Economic Outlook, perspectiva para o país lusófono um crescimento de 1,3%, mas as projecções do Governo apontam para um crescimento ligeiramente abaixo, de 1%, devido ao decréscimo da produção petrolífera.

Para o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2024, o Governo angolano teve como preço “conservador” o valor de 65 dólares por barril de petróleo e uma produção petrolífera revista em baixa de 1,060 milhões de barris diários.

Segundo o ministro, a contração nos níveis de produção de petróleo configurou um cenário de menor disponibilidade de moeda forte no mercado cambial, no primeiro semestre deste ano, tendo resultado na depreciação do kwanza face ao dólar dos Estados Unidos da América em cerca de 40%.

“Este ambiente de desaceleração da economia real e do mercado cambial afetou severamente o processo de consolidação das contas públicas e a estabilidade do nível geral de preços na economia, tendo a inflação homóloga invertido, em maio, a tendência decrescente, fixando-se em cerca de 15% em setembro deste ano”, referiu.

Sobre a depreciação do kwanza, o vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Pedro Castro e Silva, adiantou que para 2024 se prevê que se mantenha para os países africanos menor acesso ao mercado da dívida, indicando que não haverá alteração ao nível da moeda estrangeira no mercado cambial local.

Para 2024, o FMI perspetiva um crescimento para a economia angolana de 3,3%, enquanto o Governo projeta um crescimento de 2,8%, principalmente movida pelo setor não petrolífero.

Na sua apresentação, o secretário de Estado do Planeamento, Milton Reis, disse que os dados mais recentes apontam para um crescimento “muito baixo”, prevendo uma aceleração para os próximos anos, com base nas medidas que o Governo começou a tomar a partir de junho deste ano.

Milton Reis frisou que o fraco crescimento de 2023 deve-se à tendência de declínio da produção petrolífera, devido aos campos antigos e ausência de novas descobertas, destacando o ainda robusto crescimento e manutenção do sector não petrolífero, que deverá crescer em 2024 acima dos 4%.

Em relação aos preços, o país continua a assistir também no ano em curso a uma pressão, essencialmente pelos bens alimentares.

O secretário de Estado do Planeamento angolano frisou que a economia angolana continua a enfrentar riscos, entre os quais a fraca recuperação da economia mundial, o nível da produção de petróleo, ainda a principal fonte de divisas do país, necessárias para dinamizar o sector não petrolífero.

“Quando temos dificuldades no sector petrolífero isso afeta também toda a economia não petrolífera, então temos que continuar a olhar para o petróleo com essa importância que ela tem para a nossa economia, apesar de todos os esforços da diversificação, precisamos dos recursos do setor petrolífero para acelerar esta dinâmica desta diversificação”, realçou.

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