Economia Sem Makas, edição de 31 de Agosto de 2022

Direcção da TAAG nega venda da companhia

As Linhas Aéreas de Angola – TAAG desmentiram, neste fim-de-semana, em comunicado, os rumores sobre a venda da companhia e a terceirização de serviços prestados pelos escritórios de Lisboa, a favor de familiares do actual presidente da Comissão Executiva.

Numa nota designada “Voo DT Mudança 180º”, a presidente do Conselho de Administração, Ana Major, explica todo o processo em curso na companhia angolana de bandeira e sobre os resultados pretendidos com a implementação do modelo.

 

Sobre a venda da companhia, Ana Major disse, claramente, que não. A TAAG não foi vendida. É uma entidade SA (Sociedade Anónima) cuja estrutura accionista é composta pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), com 50 por cento, a Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENNA), com 40 por cento e o Fundo Social dos Funcionários e Trabalhadores do Sector dos Transportes, que têm 10 por cento.

 

Apesar de ser do domínio público, disse a PCA, a intenção do Executivo de Angola é a privatização da TAAG dentro de um lote de outras companhias. Todavia, a concretização deste processo dependerá de várias condicionantes do contexto de mercado (volatilidade global no pós-pandemia) e do que nos cabe a todos fazer no sentido da valorização da companhia e dos activos. O processo de transformação e reestruturação da TAAG em curso visa valorizar a empresa no médio e longo prazo, sendo prematuro falar da venda.

 

 

 

Favorecimento a estrangeiros

 

Sobre a suposta entrega da empresa a estrangeiros, Ana Major nega tal possibilidade. Para a gestora, a TAAG é uma empresa com sede em Angola, e mais de 95 por cento da força de trabalho é angolana. Importa, todavia,  esclarecer, que a transportadora aérea é, igualmente, uma empresa internacional com aspirações de crescimento à escala global e implantada em diversas geografias.

 

Por outro lado, continuou, com o novo aeroporto e com a implementação dos acordos de “Céus Abertos”, à TAAG coloca-se num grande desafio de internacionalização e globalização para responder não apenas a privatização, mas também a competição agressiva que já se faz sentir. Como tal, aceita-se a diversidade e respeita-se todos os colaboradores expatriados e consultores, que, temporariamente, trabalham e contribuem para a reerguer a companhia, não pactuando, em razão disso, com expressões de xenofobia, racismo e discriminação de nenhuma forma.

 

 

 

Escritórios de Lisboa

 

Segundo Ana Major, a TAAG em Portugal não vai fechar, porém será mantido um núcleo mínimo e essencial de colaboradores na escala de Lisboa. A exemplo de outras escalas internacionais Espanha/Brasil/África do Sul, onde já se adoptou o modelo de agenciamento, também Lisboa irá adoptar o mesmo modelo em substituição de escritórios próprios, dando continuidade a sua operação no formato GSA (General Sales Agent) e com um mínimo de colaboradores. A escala de Lisboa será então gerida por uma entidade denominada “Summerwind GSA”. Estamos também a acautelar os direitos legais dos colaboradores e a tratar dos mesmos com a dignidade que merecem.

 

Questionada, na mesma nota, se a empresa está a entregar os escritórios de Lisboa a pessoas próximas ao actual presidente da Comissão Executiva, Eduardo Fairen Soria, de nacionalidade espanhola, Ana Major disse tratar-se de confusão pela semelhança de nomes, mas que tal afirmação não corresponde a verdade. Realçou que «Soria» é um nome muito comum em Espanha; como Silva, António ou Costa em Angola ou Portugal e que não existe nenhuma ligação familiar entre o presidente da Comissão Executivo – CEO da Summerwind, Federico Lledo Soria e o CEO da TAAG, Eduardo Fairen Soria.

 

Logo, a questão é: porquê a preferência pela Summerwind, o que a presidente do Conselho de Administração da TAAG resume ao facto de esta empresa contratada possuir mais de 25 anos de experiência nos domínios da representação de companhias aéreas e um registo de excelência quanto à qualidade de serviço e atendimento personalizado ao cliente. Este desempenho valeu-lhe já a confiança de mais de 15 companhias aéreas, enquanto clientes de diversos países do mundo incluindo na América latina, mercado onde a TAAG projecta crescimento.

 

 

Conheça as razões da opção ao modelo GSA

 

No centro de toda esta polémica à volta da TAAG está a adopção pela administração do formato “General Sales Agent – GSA”, traduzido por Agente Geral de Vendas na tradução livre.

 

De acordo com a PCA, Ana Major, ao analisar-se a estrutura de custos da TAAG, a administração diagnosticou que as escalas internacionais no modelo tradicional (escritório próprio + staff) eram bastante onerosas e pouco flexíveis para situações de crise (como a pandemia de Covid-19) ou a volatilidade do mercado, que é uma característica da fase pós-pandemia. Estudos mais recentes validaram, igualmente, que tendo em conta os custos e os benefícios, a me-lhor opção é a adopção do mo-delo de representação através de um GSA.

 

O modelo de GSA, explica, já foi aplicado com sucesso pela TAAG em outras geografias, nomeadamente no Brasil e África do Sul onde, a exemplo de Portugal, se mantém uma equipa mínima essencial da TAAG.

 

O modelo GSA demonstra ser o formato mais eficiente, com maior economia de custos e mais ágil para lidar com volatilidade actual de mercados externos.

 

A implementação deste modelo tem trazido resultados bastante positivos ao nível do desenvolvimento do negócio, entre os quais, maior volume de receitas, mais atractividade comercial nas escalas e mais eficiência no atendimento ao cliente.

 

 

Despedimentos de pessoal  e relação com sindicato

 

Quanto aos despedimentos, a TAAG declara, mais uma vez, que não está a despedir pessoal, tão pouco Pessoal Navegante de Cabine (PNC). Existem, contudo, disse Ana Major, alguns poucos colaboradores – PNC sem vínculo permanente. Ou seja, com contrato de trabalho por tempo determinado, tendo estes contratos atingido a data de término, não foram os mesmos renovados, à luz da legislação em vigor e com o devido aviso prévio. Tal não significa que os mesmos não possam ser reintegrados no futuro quando a operação crescer e assim se justificar.

 

“A administração é chamada a  tomar medidas de gestão alinhadas com as boas práticas. Não faria sentido num momento em que temos que optimizar o quadro de pessoal da empresa renovar contratos temporários”, disse.

 

Ana Major assume, por outro lado, que a administração da TAAG está aberta a receber todas as forças sindicais e mantém firme o compromisso com uma escuta activa das preocupações dos colaboradores. Para tal, foi criada na direcção de capital humano uma área de relações laborais para equacionar as questões imediatas e correntes e o director de recursos humanos iniciou já contactos regulares com os sindicatos nesse âmbito, tendo reunido pelo menos duas vezes com o Sindicato do Pessoal Navegante de Cabine (SINPROPNC), durante o mês de Julho.

 

 

Substituição de frota e entrada da companhia HiFly

 

A TAAG celebrou, recentemente, um acordo ACMI  Aircraft, Crew, Maintenance and Insurance (Avião, Tripulação, Manutenção e Seguro). Trata-se do típico contrato operacional em que uma empresa disponibiliza a outra todos os meios para a realização do voo.

 

Com a companhia aérea HiFly, a TAAG acordou um regime de “leasing” de Airbus A330 por períodos de curto-prazo (passível de renovação) de forma a assegurar a continuidade da operação e o plano de crescimento previsto (mais frequências e maior disponibilidade de aeronaves), na mesma medida em que trabalhos de manutenção que deveriam ter sido devida e antecipadamente planeados estão a decorrer agora com parte da frota Boeing. Este tipo de acordo, segundo a gestora, foi o formato mais ágil, célere, e “chave-na-mão” para responder de imediato à necessidade emergente de ter-se aeronaves disponíveis num período de pico no mercado.

 

O aluguer de Boeing 773 foi também considerado. O processo de aluguer iria ser mais moroso em termos de tempo, pois os aviões seriam entregues em “dry lease” (sem tripulação incluída) contando para o efeito com as tripulações da TAAG. Porém isso faria com que perdessemos oportunidades durante o pico do verão. Assim, e como as necessidades eram imediatas, avançamos pelo formato de “wet lease” até porque, se trata de aluguer de curta duração e com preço competitivo.

 

“A TAAG celebrou um acordo comercial com a ALC (Air Lease Corporation) para a disponibilização de seis (6) aeronaves Airbus A220-300 com entregas faseadas a partir de Agosto de 2023. A operação dessas aeronaves Airbus A220-300 contará exclusivamente com pilotos e pessoal de cabine angolano, bem como, a gestão da manutenção será feita por equipas locais”, explica.

 

 

SEIS PROVÍNCIAS

11 novos voos reforçam rotas domésticas

 

As Linhas Aéreas de Angola (TAAG) adicionaram, desde o dia 23, nas rotas domésticas, 11 novos voos, com saídas de Luanda para as cidades de Catumbela (Benguela), Lubango (Huíla), Dundo (Lunda-Norte), Luena (Moxico), Huambo e Cunene com ligações asseguradas pelas aeronaves Dash 8 Q400.

 

A transportadora de bandeira nacional justifica o reforço, em comunicado, devido ao registo de um crescimento sustentado no segmento doméstico reflectido numa maior mobilidade e interesse de passageiros particulares e corporativos nas deslocações dentro do território angolano.

 

Os voos adicionais entraram nas rotas Luanda/Catumbela a frequências semanal passou de 4 para 7 voos; Luanda/Lubango (4 para 6); Luanda/Dundo (4 para 5); Luanda/Luena (4 para 5 voos); Luanda/Ondjiva (2 para 4); Luanda/Huambo (2 para 4 voos).

 

Uma referência especial para a rota Luanda/Cabinda um dos destinos domésticos de maior procura por parte dos passageiros, onde aproximadamente 90 por cento dos voos serão operados por uma aeronave tipo Boeing 737-700.

 

“Significa que 23 dos 26 voos semanais para Cabinda são realizados num avião de maior porte, o modelo B737 (transporta 120 passageiros no total) de forma a responder ao elevado volume de passageiros e carga em trânsito entre Luanda e Cabinda”, indica o comunicado.

 

Para a TAAG, a aposta nas conexões internas irá proporcionar aos passageiros mais opções de ida/regresso, “permitindo aos viajantes uma estadia mais prolongada naquelas províncias com impacto positivo para a economia local, nomeadamente ao nível da hotelaria, turismo, serviços ou prospecção de negócios”.

 

 

 

Aposta forte

 

Fundada em 1938, agora com 84 anos, a TAAG lidera o mercado de aviação em Angola, disponibilizando actualmente 14 destinos domésticos e 12 destinos internacionais.

 

Além do transporte de passageiros, a sua frota realiza igualmente transporte de carga, um serviço cada vez mais essencial para o desenvolvimento do ecossistema local.

 

Data de Emissão: 31-08-2022 às 07:30

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