Economia sem makas: Centro de investigação da UCAN diz que número de pobres no país pode aumentar 1,8 milhões para 19 milhões até 2027

O Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) considera “inimaginável” que passados 20 anos, num país onde a pobreza afecta 48% da sua população — o equivalente a 19,6 milhões de pessoas — se tenham verificado “tão poucas transformações nas estruturas económicas e nos sistemas sociais”.

“Não foram cumpridas as expectativas criadas após o fim da guerra civil de que o país iria diversificar a sua economia e transformar o crescimento económico em bem-estar da população. Pelo contrário, quase metade dos angolanos vive em situação de pobreza. Há muito por fazer”, alerta o relatório do CEIC.

O Relatório Económico de Angola 2021 faz um balanço sobre os 20 anos da economia angolana e o seu impacto na sociedade.

Para o CEIC, este balanço não é positivo, uma vez que, após o fim da guerra, o país não conseguiu diversificar a sua economia e transformar o parco crescimento económico em bem-estar da população.

Segundo o director do CEIC, Alves da Rocha, que falava durante a apresentação do referido estudo, quando aquele centro começou com a pesquisa pretendia apurar “o que é que se passou este tempo todo” na economia nacional, sobretudo em sectores como o financeiro, da agricultura e produtivo.

“Não estávamos a pensar que Angola poderia ser uma segunda China, que fez reformas nos últimos 60 anos, e conseguiu tirar da pobreza 700 milhões de cidadãos em 20 anos. Não estávamos à espera de encontrar isso, porque não temos cultura da China, a disciplina e a sua mentalidade virada para o crescimento económico”, afirmou.

“Mas, ainda assim, a expectativa era diferente do que aquela que foi encontrada: esperávamos encontrar alguma coisa relativamente à melhoria das condições de vida da população e o que é certo é que a taxa de pobreza é elevada”, acrescentou, esclarecendo.

O CEIC estima que a taxa de pobreza monetária de Angola possa estar — com os efeitos da recessão económica e da deficiente distribuição do rendimento no país — entre os 45% e os 46%.

“Assim, o balanço destas duas décadas, após o fim da guerra civil, é claro: fizemos essa análise de 20 anos de todos os programas que o governo implementou e as conclusões que estamos a tirar é que as políticas foram mal delineadas ou não foram suficientes”, pontuou Alves da Rocha.

“Com 20 anos de ‘planos, programas, planinhos e programinhas’, muitas foram as políticas desenvolvidas nas sucessivas legislaturas, mas que, ainda assim, não conseguiram impedir que quase metade da população enfrentasse níveis de pobreza preocupantes”, assinalou.

Data de Emissão: 16-02-2024 às 07:10

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