Economia sem makas: Canal do Cafu não está a dar ganhos para o qual foi criado
Esta sugestão visa garantir melhor resposta local no tocante à carência alimentar das populações, causada pela insuficiência de chuvas nos últimos anos, defendeu segunda-feira, no Cunene, o secretário do Presidente da República para a Área Produtiva, Isaac dos Anjos.
O secretário, que falava durante um encontro entre membros do Governo local e o Grupo Técnico do Plano de Desenvolvimento da Zona de Abrangência do Canal do Cafu, referiu que a visita ao Cunene visou traçar acções práticas e concretas para o fomento da produção agrícola em grande escala ao longo dos 165 quilômetros do Canal do Cafu.
Segundo o secretário do Presidente da República, com a conclusão dos trabalhos de gabinete, segue-se o processo de ordenamento, definição dos lotes e sua numeração, para que de forma organizada os produtores trabalhem a terra e aumentem o cultivo de bens alimentares na região.
Para Isaac dos Anjos, não se pode ficar com um gigante hídrico sem produzir nada, porque, depois de todo o trabalho feito, o máximo aproveitamento dos terrenos à volta do Canal deve ser um facto.
O governante recordou que o mesmo dispõe de água em abundância, um potencial que deve ser aproveitado para a prática agrícola, de modo a que a província do Cunene ganhe a sua autossustentabilidade em termos alimentares e reverter a situação da fome, que afecta de forma consecutiva a região, nos últimos anos, devido às irregularidades das chuvas.
Disse que a infra-estrutura foi concebida para abastecer a população e o gado, mas tem outra componente que é a de irrigar terras produtivas à volta, ajudando as comunidades a deixarem de depender das chuvas para produzirem e diversificarem o cultivo.
Governo Provincial
A governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, reiterou a necessidade de prestar apoio às iniciativas dos produtores locais, com sementes, sobretudo para o cultivo de tomate, de modo a alargar espaços para a produção em grande escala.
Gerdina Didalelwa afirmou que o projecto, além de disponibilizar água para o consumo da população e do seu gado, está também a permitir o fomento da actividade produtiva em vários espaços do seu curso, onde pequenas iniciativas estão a transformar zonas antes fechadas em espaços verdejantes e com culturas alimentares.
A governante lembrou que depois da inauguração do Canal do Cafu, em Abril de 2022, volvidos dois anos, pouco foi feito em termos de produção nas terras ribeirinhas, não obstante a abundância de água.
Gerdina Didalelwa, na ocasião, apresentou também o estado de execução de outros projectos estruturantes de combate à seca no Sul de Angola, com realce para a construção das barragens do Ndue e Calucuve, em curso no município do Cuvelai, cuja execução física ronda os 60 e 35 por cento, respectivamente.
Além do secretário do Presidente da República para a Área Produtiva, integraram a delegação os secretários de Estado do Planeamento, Luís Epalanga, da Agricultura, Castro Camarada, e do Urbanismo, Manuel Canguezeze, que durante três dias vai realizar, igualmente, visitas aos projectos em curso das barragens do Ndue e de Calucuve, com o mesmo propósito.