Economia sem makas: BNA deixa política monetária inalterada apesar de prever mais inflação
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Economia sem makas: BNA deixa política monetária inalterada apesar de prever mais inflação
- BNA deixa política monetária inalterada apesar de prever mais inflação
O Comité de Política Monetária (CPM) reuniu-se nos dias 13 e 14 de Julho de 2023, em Luanda, tendo sido tomadas as seguintes deliberações:
• Manter inalterada a taxa BNA em 17% (dezassete por cento);• Aumentar a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez para 17,5% (dezassete vírgula cinco por cento);• Manter a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 13,5% (treze vírgula cinco por cento).
A decisão tomada sustenta-se no ressurgimento das pressões inflacionistas devido as alterações registadas no quadro macroeconómico com destaque para a redução das receitas de exportação e a consequente depreciação cambial. Para além disso, tiveram também impacto sobre os preços as expectativas geradas em torno da redução dos subsídios ao preço da gasolina, bem como os constrangimentos resultantes da reorganização da venda ambulante.
Adicionalmente, o CPM decidiu flexibilizar o mecanismo da taxa de custódia sobre o excesso de liquidez dos Bancos Comerciais junto do BNA, cuja operacionalização será objecto de regulamentação específica.
No contexto internacional, continua-se a observar a trajectória descendente das taxas de inflação nas principais economias, resultado do efeito conjugado da orientação restritiva da política monetária dos Bancos Centrais e da redução dos preços das commodities energéticas. Apesar da desaceleração da inflação, persistem pressões no curto prazo, facto que justifica a tendência de aumentos das taxas de juro.
O actual curso da política monetária nas principais economias do mundo vem afectando adversamente a actividade económica particularmente nos Estados Unidos da América e na Zona Euro, com destaque para a produção industrial, o que coloca em risco as projecções de crescimento económico mundial.
Nesta perspectiva nos mercados das commodities energéticas, observou-se uma redução dos preços de petróleo, fruto da fraca procura. Assim, a OPEP decidiu estender os cortes de produção, a que se adiciona o corte unilateral declarado pela Arábia Saudita até ao final do ano de 2024, de forma a assegurar a estabilidade dos preços.
A nível nacional, de acordo com as estatísticas das contas nacionais divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, apresentou um ligeiro crescimento em termos homólogos de 0,3%, inferior ao do trimestre anterior (2,6%). O desempenho abaixo do esperado deveu-se, essencialmente, à redução da produção petrolífera em 8,0%, não obstante o crescimento de 3,1% registado no sector não petrolífero.
A inflação mensal em Junho situou-se em 1,41%, tendo-se observado as maiores variações nas classes de Transportes (2,71%), Saúde (2,08%), Vestuário e Calçado (1,53%), assim como Alimentação e bebidas não alcoólicas (1,46%).
Em termos de contribuições, a classe de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas continua a ser a mais representativa, ao contribuir com 0,85 pontos percentuais, correspondente a 60,07% da inflação observada.
Como consequência, a inflação homóloga fixou-se em 11,25%, um acréscimo de 0,63 pontos percentuais em relação ao período anterior.
No domínio monetário, a Base Monetária em moeda nacional registou uma contracção em termos mensais, acumulados e homólogos de 3,62%, 5,42% e 0,96%, respectivamente. O agregado monetário (M2) em moeda nacional contraiu 2,36% em Junho, reduzindo a variação acumulada desde o início do ano para 3,17% e a homóloga para 6,57%.
No sector externo, assistiu-se à deterioração dos termos de troca, o que contribuiu para a redução do saldo superavitário da conta de bens no primeiro semestre em 52,89%, reflexo da redução das receitas de exportação em 38,16%.
Em termos absolutos, o saldo da conta de bens passou de 18,34 mil milhões de dólares dos EUA no primeiro semestre de 2022 para 8,64 mil milhões de dólares dos EUA no primeiro semestre de 2023.
O stock das Reservas Internacionais fixou-se em 13,68 mil milhões de dólares dos EUA no final do mês de Junho, o que representou um grau de cobertura de 6,01 meses de importações de bens e serviços.
Em termos de perspectivas, o CPM reviu em alta as previsões da taxa de inflação para o intervalo de 12% a 14%, justificada, essencialmente, pelo efeito da depreciação recente da moeda nacional.
Todavia, a revisão acima referida não compromete o objectivo de médio prazo de alcançar uma taxa de inflação de um dígito.
PARTICIPANTES