Economia sem makas: Banco Central dos EUA mantém taxa de juros, mas sinaliza corte na já próxima reunião de Setembro
O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa básica de juros inalterada nesta quarta-feira, 31, que segue na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão, unânime entre os membros, vem em linha com o esperado pelo mercado, que agora prevê um corte na próxima reunião, em Setembro.
Em comunicado, o Fomc (comité de política monetária do Fed) aponta que a “houve um progresso em direcção à meta de 2% [de inflação]”. O PCE, índice oficial para a inflação no país, subiu 2,5% em Junho, após ultrapassar 7% em 2022.
Segundo o Fed, a inflação agora está apenas “um pouco elevada”, um importante rebaixamento em relação à avaliação que o banco central utilizou durante grande parte de sua batalha contra o aumento dos preços de que a inflação estava “elevada”.
Além disso, o Fed removeu a linguagem permanente de que estava “altamente atento aos riscos de inflação” e a substituiu por um reconhecimento de que os formuladores de política monetária estão agora “atentos aos riscos a ambos os lados de seu mandato duplo”, que inclui uma cobrança do Congresso norte-americano para manter o pleno emprego consistente com preços estáveis.
“Ambas alterações mostram um tom mais dovish [brando] do Fed”, avalia José Maria Silva – Coordenador de Alocação e Inteligência da Avenue.
Autoridades do Fed já afirmaram que será apropriado reduzir os custos dos empréstimos antes que a inflação realmente retorne à sua meta, para levar em conta a desfasagem com que a política monetária afecta a economia.
O comunicado diz ainda que a avaliação é de que a economia “continuou a se expandir em um ritmo sólido“, embora os “ganhos de emprego tenham moderado”, a taxa de desemprego “permanece baixa”.
No entanto, a taxa de desemprego tem aumentado e, ultimamente, os formuladores de política monetária têm se concentrado mais em evitar o tipo de aumento acentuado do desemprego, geralmente associado a juros elevados e à desaceleração da inflação.
O Fed não se comprometeu com um corte nos custos de empréstimos em Setembro e repetiu que os formuladores de política monetária ainda precisam de “maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direcção a 2%” antes de reduzir os custos dos empréstimos.
Mas as mudanças na declaração parecem consistentes com a ideia de que essa confiança será alcançada em breve, algo que os investidores estavam esperando.
O Fed aumentou os juros de forma agressiva de Março de 2022 a Julho de 2023, elevando a taxa básica em 5,25 pontos percentuais para combater o pior surto de inflação dos últimos 40 anos.