Economia Sem Makas, Angola tem diamantes para pouco mais de 50 anos ao ritmo de produção actual.

Economia Sem Makas, edição de 08 de Abril de 2025

TEMA: Angola tem diamantes para pouco mais de 50 anos ao ritmo de produção actual.

COM: CARLOS ROSADO DE CARVALHO

Apesar de Angola dispor de reservas diamantíferas que garantem mais de meio século de produção ao ritmo atual, o setor enfrenta desafios que ameaçam o seu contributo para a economia nacional. A constatação foi feita esta terça-feira durante o programa Economia Sem Macas, onde o economista Carlos Rosado de Carvalho analisou os números mais recentes do setor.

Os dados revelados indicam que o país possui cerca de 831 milhões de quilates de diamantes em reservas conhecidas, distribuídos por 21 das 24 minas atualmente em operação. A produção prevista para este ano ronda os 14,8 milhões de quilates, o que projeta uma sustentabilidade produtiva de pelo menos 56 anos.

A grande protagonista desta nova fase é a mina Luelo, que sozinha concentra 628 milhões de quilates, o equivalente a cerca de 76% das reservas de kimberlitos — os diamantes extraídos de rochas. Foi precisamente a entrada em operação do Luelo, no ano passado, que permitiu um salto na produção nacional, que anteriormente se mantinha abaixo dos 10 milhões de quilates anuais, 

No entanto, o brilho dos diamantes angolanos perde intensidade quando confrontado com o panorama económico global. Apesar do aumento da produção, o setor representa apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB), entre 3% a 4% das exportações e menos de 1% das receitas fiscais do país.

Entre os principais fatores que explicam essa baixa expressividade está a queda acentuada no preço internacional dos diamantes, que se fixou em apenas 143 dólares por quilate no ano passado. A razão, aponta Rosado de Carvalho, está na crescente concorrência dos diamantes sintéticos, que têm conquistado espaço no mercado global e pressionado os preços dos naturais.

A crise no setor não se limita aos preços. O investimento estrangeiro em mineração também registou uma quebra significativa, passando de 380 milhões de dólares em 2023 para 217 milhões em 2024, uma redução de 43%. Esta tendência de retração afeta tanto os projetos de kimberlitos como os de aluviões — estes últimos mais escassos em quantidade, mas com maior valor comercial por quilate.

Frente ao cenário, o economista defende a necessidade de uma ação coordenada entre os países produtores de diamantes naturais, com destaque para campanhas de promoção e diferenciação do produto face aos sintéticos. Angola é hoje o quarto maior produtor mundial de diamantes, com potencial para subir posições, desde que consiga reverter o atual ambiente de retração.

“Os diamantes angolanos brilham na produção, mas estão ofuscados pelos preços baixos e pela redução dos investimentos”, resumiu Carlos Rosado. “O desafio está em recuperar o valor de mercado e garantir que as reservas convertam-se em desenvolvimento económico real.” Carvalho (2025 in Economia Sem Makas, edição de 08 de 04 de 2025)

ATT: Carlos Rosado de Carvalho, comentador do Economia Sem Macas, referiu-se ao jornal Expansão para destacar a queda de 43% nos investimentos no setor dos diamantes entre 2023 e 2024.

Data de Emissão: 08-04-2025 às 07:15
Género(s): Economia
 

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