Economia sem Makas, Angola, o país onde importar é mais fácil do que exportar
Economia sem Makas
🗓 Edição de 13 de Agosto de 2025
🎙 Apresentação: Manuel Vieira
💬 Comentários: Carlos Rosado de Carvalho (Economista)
Tema: Angola — o país onde importar é mais fácil do que exportar
Apesar de possuir abundantes recursos naturais com destaque para o petróleo e os diamantes, que representam a esmagadora maioria das exportações, outros bens enfrentam sérias barreiras para chegar ao mercado internacional.
Dependência do petróleo e dos diamantes
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Cerca de 94% das exportações angolanas são petróleo, com logística e regime facilitados.
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Os diamantes também têm exportação desburocratizada, por serem produtos estratégicos.
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Em contrapartida, produtos não petrolíferos renderam, em média, 600 milhões USD por ano entre 2022 e 2024 — menos de 2% das exportações totais.
Reconhecimento oficial e entraves
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O Ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, anunciou a intenção de simplificar a burocracia nas exportações.
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Atualmente, o processo exige múltiplas licenças e passos administrativos que desmotivam empresários.
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Para Rosado, a burocracia não é o maior obstáculo, o problema central é a falta de competitividade da economia.
Falta de competitividade
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Angola não consegue produzir bens e serviços com qualidade e preços competitivos para o mercado externo.
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Exportar exige:
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Certificação dos produtos;
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Logística eficiente;
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Canais de distribuição no exterior.
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Estes elementos ainda não estão plenamente desenvolvidos no país.
“Doença da vaca holandesa”
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Fenómeno típico de países ricos em recursos naturais.
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O acesso fácil a divisas torna mais simples importar do que investir na produção local.
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Desde a independência, Angola mantém uma mentalidade importadora, enfraquecendo a indústria e a capacidade produtiva.
Polémica do pagamento em dólares
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Algumas empresas prestadoras de serviços petrolíferos, mesmo sem exportar, recebem em dólares.
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Rosado defende que apenas exportadores devem receber em moeda forte, para não distorcer a lógica económica nem criar desequilíbrios.
Caminhos para a solução
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Ouvir os poucos empresários que já exportam e compreender as suas dificuldades.
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Criar condições reais de competitividade.
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Implementar um “Simplifica” para exportações — proposta já mencionada, mas ainda sem execução concreta.
Resumo final:
Angola precisa rever a estrutura produtiva, investir em competitividade e mudar a mentalidade económica. Exportar não pode continuar a ser “um cabo dos trabalhos” deve tornar-se uma prioridade estratégica para o crescimento sustentável e a autonomia financeira.