Economia sem macas, Kwanza reforça perdas depois da estabilidade dos primeiros 5 meses do ano
Desde o início de 2024, o Kwanza tem mostrado sinais de desvalorização contínua. Nos primeiros cinco meses, a moeda esteve relativamente estável, perdendo apenas 0,6%. No entanto, desde Maio, a desvalorização acelerou, acumulando uma perda de 9,9%. Em 2023, o Kwanza já havia experimentado uma desvalorização dramática de 40% em apenas um mês, o que sugere uma tendência persistente de perda de valor. Durante os primeiros meses de 2024, a desvalorização foi mínima: 0% em Janeiro e Fevereiro, 0,5% em Março, 0,2% em Abril. A partir de Maio, a desvalorização aumentou significativamente: 2,1% em Maio, 0,2% em Junho, 2,6% em Julho, 4% em Agosto, e 1,5% nos primeiros 12 dias de Setembro.
Muitos analistas questionam a política cambial do Banco Nacional de Angola (BNA), alegando falta de previsibilidade e transparência. Parece que o BNA intervém no mercado cambial de forma aleatória e não baseada numa estratégia clara. Desde Junho de 2023 até Maio de 2024, houve uma aparente estabilidade do Kwanza, mas, subitamente, a moeda começou a desvalorizar rapidamente sem uma explicação oficial.
Além disso, o contexto económico de Angola é agravado pela dependência do petróleo e por uma inflação elevada, que se encontra atualmente em cerca de 30%. A oscilação dos preços do petróleo no mercado global afeta diretamente a economia angolana, que depende fortemente das exportações de petróleo para receitas em divisas. A inflação elevada também pressiona os preços dos bens de consumo, tornando a situação económica mais desafiadora para os cidadãos.
O Presidente da República, João Lourenço, recentemente autorizou um montante de 80 milhões de dólares para a manutenção do novo Aeroporto Internacional de Luanda, uma medida que tem sido alvo de críticas, considerando a situação económica do país. Além disso, o governo angolano lançou o novo satélite, ANGEO-1, que representa um avanço significativo na área de comunicação e observação terrestre, mas que também gera debates sobre prioridades de investimento num momento de crise económica.
Outro ponto de preocupação é a dívida pública de Angola, que continua a ser uma carga pesada para a economia nacional. O país tem enfrentado desafios para gerir a sua dívida externa, que absorve grande parte das receitas fiscais, deixando pouco espaço para investimentos em infraestruturas e serviços essenciais.
Em resumo, o cenário económico de Angola é marcado pela desvalorização do Kwanza, uma inflação elevada, dependência das exportações de petróleo, investimentos controversos como a manutenção do novo aeroporto e o lançamento do ANGEO-1, e uma dívida pública que impõe desafios significativos ao desenvolvimento sustentável do país. A política cambial do BNA, vista como imprevisível, contribui para a incerteza económica e alimenta as críticas sobre a gestão económica do governo.