Economia sem macas: Kwanza entre as três piores moedas do mundo em 2024
Segundo um relatório da Business Insider Africa, baseado em dados da Bloomberg. Além do Kwanza, estão também o Kwacha da Zâmbia e a Naira da Nigéria. Esses países partilham um problema comum: a dependência excessiva das suas economias em commodities. Angola, por exemplo, é fortemente dependente do petróleo, enquanto a Zâmbia depende do cobre. Quando os preços dessas matérias-primas caem ou a produção diminui, os países veem as suas receitas em moeda estrangeira reduzidas, o que pressiona negativamente a sua moeda nacional.
Outro factor que agrava a situação é o peso da dívida externa. Em Angola, cerca de 60% das receitas em divisas são canalizadas para o pagamento da dívida, o que cria uma necessidade constante de moeda estrangeira, como o dólar. Esta pressão contribui para a contínua desvalorização do Kwanza. A gestão orçamental inadequada também é apontada como um factor importante para o mau desempenho da moeda. Projectos caros, como a construção de grandes infraestruturas e a manutenção dispendiosa, desviam fundos que poderiam ser utilizados de forma mais eficiente.
No que diz respeito às reformas, Angola e Nigéria enfrentam desafios semelhantes, sendo os subsídios aos combustíveis um ponto de destaque. A Nigéria, por exemplo, eliminou recentemente os subsídios aos combustíveis, enquanto Angola ainda não conseguiu implementar essa reforma. Além disso, a má gestão das políticas cambiais e orçamentais também tem contribuído para o fraco desempenho destas moedas.
A desvalorização do Kwanza segue um ciclo vicioso. À medida que a moeda desvaloriza, os preços das importações aumentam, o que gera mais inflação. Essa inflação, por sua vez, leva a uma maior desvalorização do Kwanza, alimentando o ciclo. Em 2024, o Kwanza já perdeu 11,2% do seu valor em relação ao dólar, com a maior parte dessa desvalorização a ocorrer entre Abril e Agosto.
A inflação em Angola tem mostrado sinais de redução em Agosto de 2024, mas o aumento de preços em sectores como as telecomunicações continua a ser uma preocupação. O Banco Nacional de Angola tem tentado controlar a taxa de câmbio, mas a pressão sobre a moeda é grande. Em última análise, a combinação de uma dependência de matérias-primas, má gestão orçamental, elevada dívida externa e falta de reformas estruturais está a manter o Kwanza numa posição frágil no cenário global.