Economia 100 Makas, Sonangol mantém rentabilidade mas margem continua muito abaixo da média do sector

A conferência de imprensa anual da Sonangol, realizada por ocasião do seu aniversário, trouxe uma visão detalhada do desempenho da empresa em 2024. Segundo os dados apresentados, a Sonangol teve um ano de estabilidade, apesar de uma ligeira baixa na receita. Os proveitos caíram 8%, passando de 5.000 milhões de dólares para 10,5 milhões de dólares.

Embora não existam dados públicos sobre a faturação de outras grandes empresas nacionais, a Sonangol continua a ser, de longe, a maior empresa do país. No entanto, lamenta-se a falta de transparência em Angola quanto à divulgação de contas empresariais, o que impossibilita a criação de rankings fiáveis.

A empresa conseguiu reduzir os custos também em 8%, o que manteve a margem operacional inalterada. A margem EBITDA da Sonangol permaneceu em 32%, um valor significativamente abaixo da média do setor, que ronda os 51% a nível internacional. Comparando com outras petrolíferas, este desempenho é bastante inferior. Ainda assim, há uma aproximação à margem de empresas como a TotalEnergies, que se situa nos 37%.

Um dos fatores que penaliza a rentabilidade da Sonangol é o elevado número de trabalhadores. Atualmente, estima-se que existam cerca de 2.000 funcionários a mais, representando um custo operacional significativo. Empresas privadas, em situações semelhantes, tendem a reduzir o quadro de pessoal para melhorar a eficiência. No entanto, por ser uma empresa estatal, a Sonangol tem responsabilidades sociais que dificultam esse tipo de decisão.

Outro grande entrave à rentabilidade da Sonangol são as suas relações com o Estado. Desde 2007, quando Angola aderiu à Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativas (EITI), a Sonangol começou a divulgar as suas contas, e os auditores identificaram consistentemente problemas ligados à dívida do Estado para com a empresa. O governo não paga atempadamente os combustíveis subsidiados, o que causa graves dificuldades de tesouraria.

Além disso, a Sonangol tem dívidas de aproximadamente 935 milhões de dólares a operadores de blocos petrolíferos e uma dívida total de refinados que ronda os 1.128 milhões de dólares. A dificuldade em gerir essas dívidas tem impacto direto no fornecimento de combustíveis e na estabilidade financeira da empresa.

Quanto à possibilidade de privatização, há intenções de vender 30% da Sonangol, mas a viabilidade dessa operação depende da resolução dos problemas financeiros e da relação com o Estado. Caso a empresa fosse privatizada, a sua avaliação de mercado poderia situar-se entre 20 e 33 mil milhões de dólares, permitindo ao Estado arrecadar entre 6,5 e 7 mil milhões de dólares com a venda parcial. No entanto, enquanto a Sonangol continuar a ser usada como a “tesouraria” do Estado e mantiver um quadro de pessoal inflacionado, a privatização será extremamente difícil.

Data de Emissão: 26-02-2025 às 07:10
Género(s): Economia, Opinião
 

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