ECONOMIA 100 MAKAS, edição de 07 de Março de 2025
TEMA: O preço do petróleo abaixo dos 70 USD, referência do Orçamento Geral do Estado para 2025.

Segundo Carlos Rosado de Carvalho, a queda do preço do petróleo é uma má notícia para Angola, uma vez que as receitas petrolíferas representam cerca de 60% da receita do Estado. O orçamento para 2025 previa receitas petrolíferas na ordem dos 10 mil milhões de dólares, baseando-se numa projecção de 70 USD por barril. Contudo, com o barril a situar-se nos 68 USD, atingindo o valor mais baixo desde 2021, a previsão orçamental fica comprometida.

Factores que influenciam a queda do preço do petróleo

Vários factores contribuem para esta queda:

1. Guerra comercial: O impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, especialmente no contexto de uma possível reeleição de Donald Trump, pode reduzir o comércio global e, consequentemente, a procura por petróleo.

2. Aumento da produção nos EUA: A política “drill, baby, drill” impulsionada por Trump visa expandir a exploração petrolífera nos Estados Unidos, o que aumentaria a oferta global e pressionaria ainda mais os preços para baixo.

3. Possível aumento da produção da OPEP: Se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidir aumentar a produção, poderá haver um excesso de oferta no mercado.

4. Guerra na Ucrânia e sanções à Rússia: Caso a guerra termine e as sanções ao petróleo russo sejam levantadas, a oferta global poderá crescer, forçando uma queda nos preços.

A queda no preço do petróleo pode agravar o défice público, estimado em 1,5 biliões de kwanzas, obrigando o Estado a recorrer a mais financiamento no mercado, o que pode afectar a economia privada.

Carlos Rosado de Carvalho sugere que o ideal teria sido adotar um preço de referência mais conservador para o petróleo no Orçamento Geral do Estado, entre 60 e 65 USD por barril. Dado o actual cenário, ele defende uma gestão cautelosa das despesas públicas para evitar um aumento do défice e dificuldades de financiamento no futuro.