Economia 100 Makas, Financiamento da comunicação social pública e modelo de gestão precisa de ser alterado
Economia 100 Makas, edição de 21 de Fevereiro de 2025.
A edição de hoje abordou os desafios do financiamento e da gestão da comunicação social pública em Angola, destacando a necessidade urgente de reformas para garantir a sustentabilidade e a qualidade do serviço prestado ao público. A Televisão Pública de Angola (TPA) enfrenta grandes dificuldades financeiras, operando com prejuízos elevados e dependendo fortemente das transferências do Orçamento Geral do Estado (OGE). Em 2023, a empresa registou quase 11.000 milhões de kwanzas em prejuízos, sendo que as receitas de publicidade são limitadas, uma vez que grande parte dos contractos são baseados em permutas (trocas de serviços) com empresas como Sonangol, Unitel e Zap. O actual modelo de financiamento é insustentável, tornando essencial a busca por alternativas para reduzir a carga sobre o OGE.
O presidente da TPA, Francisco Mendes, defendeu mudanças estruturais para melhorar a gestão financeira e operacional. Actualmente, a empresa tem sete administradores e dois conselheiros, mas há propostas para reduzir este número e optimizar a gestão. Além disso, discute-se a possibilidade de fusão entre a TPA e a Rádio Nacional de Angola (RNA), o que poderia gerar redução de custos e maior eficiência. No entanto, os desafios não são apenas financeiros, mas também relacionados à audiência e credibilidade. A qualidade da programação precisa ser melhorada para atrair mais telespectadores e aumentar as receitas publicitárias. A TPA é frequentemente criticada por ser excessivamente governamental, afastando parte do público que busca maior pluralidade de informação. Para melhorar a sustentabilidade financeira, a emissora deve apostar em conteúdos mais diversificados e independentes, tornando-se mais competitiva no mercado.
Dada a insustentabilidade do modelo actual, algumas propostas foram debatidas para garantir a continuidade da comunicação social pública com mais autonomia financeira. Entre elas, destaca-se a implementação de um contracto de serviço público, que definiria um financiamento estável sem comprometer a independência editorial. Além disso, defende-se a redução da dependência das transferências directas do OGE, criando novos modelos de receitas através de parcerias e estratégias comerciais mais eficientes. Em conclusão, o financiamento e o modelo de gestão da comunicação social pública em Angola precisam ser urgentemente reformulados. A adoção de um novo modelo financeiro, maior independência editorial e uma gestão mais eficiente são essenciais para garantir que a comunicação social cumpra seu papel informativo sem comprometer sua sustentabilidade económica.