Economia 100 Macas – Edição de 18 de Fevereiro de 2025
A edição de hoje do Economia 100 Macas abordou o tema do crédito malparado em Angola, um dos principais desafios do setor bancário e da economia nacional.
Apresentador: Jorge Gomes
Economista: Carlos Rosado de Carvalho
Uma das principais abordagens sobre o crédito malparado em Angola destaca a precariedade das infraestruturas no país, como a falta de eletricidade, que aumenta os custos operacionais das empresas e dificulta o cumprimento das suas obrigações financeiras. Segundo Carlos Rosado de Carvalho, a ausência de condições adequadas impacta diretamente a capacidade das empresas de gerar receitas suficientes para pagar os seus empréstimos, contribuindo para o aumento do crédito malparado.
Outra abordagem relevante é o impacto da desvalorização cambial. Muitas empresas contraem crédito para investir em equipamentos ou matéria-prima importada, e quando o kwanza perde valor face ao dólar, o custo dessas aquisições aumenta significativamente. Como resultado, torna-se mais difícil para essas empresas cumprirem os seus compromissos financeiros, levando ao aumento do número de créditos em incumprimento.
Além disso, os bancos, ao lidarem com um elevado nível de crédito malparado, optam por investir em títulos do Tesouro em vez de conceder novos empréstimos ao setor privado. Carlos Rosado explicou que, embora o Estado pague com atraso, acaba sempre por honrar os seus compromissos, tornando esse tipo de investimento mais seguro para os bancos. No entanto, essa estratégia reduz ainda mais o financiamento disponível para empresas e particulares, limitando o crescimento da economia.
Outra questão fundamental é a necessidade de uma boa gestão de risco por parte dos bancos. Segundo o economista, os bancos devem conhecer bem os seus clientes, avaliar a viabilidade dos negócios e exigir garantias adequadas para evitar incumprimentos. No entanto, as elevadas taxas de juro em Angola tornam os empréstimos mais caros e aumentam a probabilidade de incumprimento, criando um ciclo vicioso onde menos crédito é concedido e mais dificuldades surgem para quem já tem empréstimos ativos.
Por fim, Carlos Rosado destacou que o crédito malparado reflete problemas estruturais mais profundos da economia angolana. Para reduzir este problema, é essencial que o governo e o setor financeiro adotem políticas que promovam um ambiente económico mais estável, garantindo melhores condições para as empresas e facilitando o cumprimento das obrigações de crédito.