Discurso do Presidente João Lourenço sobre o Estado da Nação 2022/2023
Discurso do Presidente João Lourenço sobre o Estado da Nação 2022/2023
Mensagem à Nação na abertura do ano parlamentar do Presidente João Lourenço, assinalando a abertura do primeiro ano parlamentar da V Legislatura da Assembleia Nacional de Angola
SENHORA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL,
SENHORA VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
SENHORES DEPUTADOS,
DIGNOS MAGISTRADOS,
PREZADOS MEMBROS DO EXECUTIVO,
DISTINTOS MEMBROS DO CORPO DIPLOMÁTICO,
ILUSTRES CONVIDADOS,
ANGOLANAS E ANGOLANOS,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
Constitui para mim uma elevada honra estar de volta à Assembleia
Nacional, como Presidente da República reeleito por vontade
expressa do soberano povo angolano, para exercer um segundo
mandato.
Uma saudação especial aos ilustres representantes do povo, às
senhoras deputadas e senhores deputados, que também foram
eleitos no passado dia 24 de Agosto, e por vosso intermédio
saúdo calorosamente todas as angolanas e angolanos.
Faço-o com a convicção plena de que todos nós teremos sempre
em consideração o interesse de quem nos elegeu e nos confiou
tão respeitável missão.
SENHORA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL,
CAROS COMPATRIOTAS,
Aproveito esta oportunidade para realçar o grande espírito
de civismo, cidadania e patriotismo demonstrados pelo povo
angolano no decorrer de todo o processo eleitoral, no dia do
voto, durante o anúncio dos resultados pela Comissão Nacional
Eleitoral e a deliberação do Tribunal Constitucional enquanto
tribunal eleitoral.
Gostaria mais uma vez de agradecer a todos os angolanos e
entidades estrangeiras, que se dignaram, com a sua presença,
honrar e prestigiar a cerimónia solene de investidura do Presidente
da República eleito.
O nosso país enfrenta problemas complexos nos vários domínios
da vida e por esta razão, neste mandato, o Executivo que chefio
vai trabalhar no sentido de concluir os programas e projectos em
curso ou já identificados e que impactam na vida dos angolanos.
Tal como afirmei no acto da minha investidura como Presidente
da República, “dedicarei todas as minhas forças e atenção na
busca permanente das melhores soluções para os principais
problemas do país’’.
Como todos sabemos, nos últimos cinco anos o nosso país viveu
um período de enorme turbulência, durante o qual enfrentámos
duas profundas crises que criaram dificuldades na vida de todos,
das famílias, das empresas e das instituições do Estado.
A crise económica e financeira mundial que o nosso país enfrenta
desde o ano de 2014 teve os seus efeitos agravados com o eclodir
da pandemia da COVID-19, que surgiu no início de 2020.
Apesar das consequências negativas daquelas crises que
ainda vivemos hoje, à medida que o tempo passa são visíveis
os resultados positivos das medidas que o Executivo tomou
nos últimos anos para mitigar os seus efeitos, tornando Angola
mais resiliente aos choques negativos externos e a situações
imprevistas.
No primeiro mandato, elegemos como prioridade o sector social
e dedicámos uma atenção especial à saúde das angolanas e
dos angolanos, principalmente para enfrentar a crise sanitária
mundial provocada pela pandemia da COVID-19.
Conseguimos controlar a expansão da COVID-19 no nosso país
e o nosso sistema de saúde não colapsou em nenhum momento
graças ao empenho de todos, mas sobretudo dos nossos
incansáveis profissionais do Sistema Nacional de Saúde, para
quem peço uma salva de palmas em jeito de reconhecimento.
Um gesto de reconhecimento vai também para as tripulações
do Boeing 777 da TAAG que em tempo record realizaram
perto de quarenta voos para Beijing, na China, trazendo todo o
material de biossegurança e equipamentos médicos adquiridos
e de que necessitávamos para fazer frente à tão grande ameaça
à saúde pública.
Mobilizámos 35,5 milhões de doses de vacinas seguras para uma
população elegível de cerca de dezoito milhões de habitantes a
partir dos doze anos de idade. Já foram vacinadas com uma dose
mais de 14,5 milhões de pessoas e, até ao momento, cerca de
oito milhões estão completamente imunizadas. Apesar de ainda
termos circulação comunitária do vírus, temos actualmente uma
baixa transmissão e não temos óbitos há mais de dois meses.
Para manter o país seguro e controlar a doença, precisamos
de acelerar o processo de vacinação contra a COVID-19,
cumprindo com a meta estabelecida de cobertura de 80% da
população elegível, bem como a adopção de outras medidas
de prevenção que se mostrarem apropriadas.
Apesar de o país ter dispendido recursos financeiros avultados
no combate à pandemia da COVID-19, é justo reconhecer e
agradecer as doações em vacinas de que Angola beneficiou
de doadores internacionais, entre eles países e organizações
que pelo risco de podermos omitir algum, preferimos não citar.
Para aumentar o atendimento hospitalar, construímos 172
unidades sanitárias, aumentando o número de camas em
8.492 unidades. O país conta hoje com mais de 33 mil camas
hospitalares. O número de províncias que dispõem de serviços
especializados de hemodiálise passou de três em 2017 para
dez em 2022, com uma capacidade de atendimento de mais
de 3.000 utentes por semana.
O número de pacientes evacuados para o exterior do país pela
junta médica reduziu consideravelmente, graças ao reforço do
nível terciário de atenção para a oferta de serviços especializados
de alta complexidade em alguns dos nossos hospitais.
Enquadrámos nos serviços públicos 33.093 novos profissionais
na carreira especial e no regime geral, o que corresponde a um
incremento de 35% do total da força de trabalho no sector da
saúde. São profissionais maioritariamente jovens e colocados
principalmente no nível de atenção primária.
Tal como no sector da saúde e numa altura em que não se fizeram
novas admissões de pessoal na função pública em geral, foram
admitidos no sector da educação, desde o ano de 2018 até ao
momento, 20.109 novos professores.
Em termos de infra-estruturas para o sector da educação,
construímos 772 novas escolas e reabilitámos 313, perfazendo
um total de 1.085 escolas, o que corresponde a 9.430 novas
salas de aula em todo o país.
No Ensino Superior, o número de estudantes a frequentar este
subsistema de ensino passou de 261.214 alunos em 2018 para
314.849 alunos em 2021. O número de licenciados por ano
aumentou de 20.027 licenciados em 2017 para 29.652 licenciados
em 2021, com um total acumulado de 72.623 licenciados no
período em análise. Formaram-se 931 mestres e 183 doutores.
No mesmo período, foram atribuídas 31 mil bolsas internas de
licenciatura e 4.474 bolsas internas de pós-graduação.
No domínio da formação profissional e do emprego, há a destacar
a formação, pelo Sistema Nacional de Formação Profissional, de
um total de 230.479 pessoas, das quais 12 mil foram beneficiadas
com kits profissionais. Em relação ao emprego, no período de
2018-2022, foram gerados 491 mil postos de trabalho.
No entanto, devido fundamentalmente aos efeitos da pandemia
da COVID-19 na vida das empresas, nesse mesmo período
registaram-se 272 mil suspensões de vínculos laborais, havendo
assim um saldo positivo de 219 mil empregos formais mantidos.
Os programas de transferências directas de rendimentos são
hoje reconhecidos como uma forma eficaz de reduzir os níveis de
pobreza e apoiar os segmentos mais vulneráveis da sociedade.
A este respeito, o Programa Kwenda tem-se assumido como
muito efectivo no apoio às famílias em situação de pobreza
extrema e de grande vulnerabilidade. Estão cadastrados até
ao momento 829.475 agregados familiares e já beneficiam do
mesmo 588.902 agregados.
Ainda para melhorar o nível de vida das camadas mais desfavorecidas
da população que vivem em condições de pobreza extrema,
está em curso o Programa Integrado de Desenvolvimento Local
e Combate à Pobreza (PIDLCP), cuja implementação permitiu
já a integração de 76.258 pessoas.
O Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) tem
sido conduzido com grande sucesso e com ele estão a ser
construídas muitas infra-estruturas de raiz, estando outras a
ser reabilitadas, tais como estradas, escolas, hospitais e redes
de distribuição de água e de energia eléctrica que garantirão
a disponibilidade de serviços básicos aos cidadãos e um maior
desenvolvimento das comunidades.
No âmbito do PIIM, estão a ser executados mais de 2.000
projectos, que estão a dar mais vida a todos os municípios do
país. Até à presente data, foram inaugurados 856 projectos e
prevê-se que, até ao final deste ano, sejam inaugurados mais
735 projectos. O PIIM tem sido para as administrações municipais
uma verdadeira escola de aprendizagem de valores, no que
concerne ao rigor na execução fiscal.
O Executivo congratula-se com o facto de o diferencial entre a
execução física e a execução financeira dos projectos do PIIM
não exceder em regra os 5%, o que, no contexto das finanças
públicas do país, constitui uma grande evolução no que à
qualidade da despesa pública diz respeito.
Para melhorar o nível de vida das camadas mais desfavorecidas
da população, e aumentar os rendimentos das famílias, o
Executivo, através do Programa de Reconversão da Economia
Informal (PREI), disponibilizou 3.300 microcréditos, no valor de
3,7 mil milhões de Kwanzas, e formalizou a actividade de 246
mil operadores, dos quais mais de 70% são mulheres.
Concluímos a construção de 14 centralidades, o que permitiu
a disponibilização de 39.051 unidades habitacionais nas
províncias de Luanda, Benguela, Bié, Cuanza-Sul, Huambo,
Huíla, Namibe, Moxico e Uíge, bem como a construção de
quatro urbanizações que permitiram a disponibilização de
2.098 unidades habitacionais nas províncias de Luanda, Bié,
Malanje e Moxico.
No sector das águas, realizámos investimentos que permitiram
aumentar a taxa de cobertura do abastecimento de água nas
áreas rurais de 66% em 2017 para 70,4% no 1.º trimestre de
2022, enquanto a taxa de cobertura de água nas áreas urbanas
aumentou de 60% em 2017 para 72% no 1.º trimestre de 2022.
Um destaque particular deve ser dado à colocação em funcionamento
do primeiro grande projecto de combate aos efeitos
da seca feito em Angola, o canal do CAFU na província do
Cunene, com uma extensão de 165 km, que vai atender mais
de duzentas e cinquenta mil pessoas e cerca de trezentas mil
cabeças de gado, para além dos milhares de hectares a serem
irrigados nas regiões de Ombala yo Mungo, Ndombondola e
Namacunde.
No Sector da Energia, registou-se o aumento da taxa de electrificação
de 36% em 2017 para 43% no 1.º trimestre de 2022.
A potência instalada passou de 2,4 Gigawatts em 2017 para
5,8 Gigawatts no 1.º trimestre de 2022 e o número de ligações
domiciliares aumentou de 1.276.000 em 2017 para 1.787.000
no 1.º trimestre de 2022.
No sector das Obras Públicas, há a destacar a asfaltagem de 1.707
km de estradas da rede nacional de estradas, com destaque
para a reabilitação de troços localizados nas províncias de
Benguela, Bié, Cuando Cubango, Cuanza Norte, Cuanza Sul,
Cunene, Huambo, Luanda, Malanje e Uíge. Foram construídos
e reabilitados 3.364 metros de pontes em betão.
Foram instalados 1.200 metros de pontes metálicas, asfaltados 92
km de vias urbanas, conservados 760 km de estradas, construídos
110 km de infra-estruturas externas nas centralidades.
Foram estabilizados 231 hectares de zonas ravinadas e oito
hectares de áreas de risco de deslizamento de terras e adquiridos
35 kits de equipamentos e máquinas de terraplanagem
distribuídos para todas as províncias do país.
No domínio dos Transportes, nos seus diversos ramos, foram
iniciados projectos estruturantes e relevantes, com destaque
para o concurso público internacional para a concessão dos
Caminhos de Ferro de Benguela, principal infra-estrutura do
corredor do Lobito.
No ramo marítimo-portuário, iniciámos o transporte marítimo
de passageiros e mercadorias na ligação Luanda-Soyo-Cabinda,
diversificando as opções de mobilidade sobretudo para a
província de Cabinda.
No ramo da Aviação Civil, estamos a trabalhar na conclusão e
entrada em operação no próximo ano do Aeroporto Internacional
de Luanda Dr. António Agostinho Neto.
No ramo dos transportes rodoviários, implementámos um
programa de reforço da rede de transporte urbano regular de
passageiros em todo o país e adquirimos um total de 1.793
autocarros, que foram distribuídos por todas as províncias.
Foi implementado o Sistema Nacional Integrado de Bilhética
nos transportes urbanos de Luanda e Lubango, o que permitirá
um melhor controlo e eficiência dos serviços prestados pelas
operadoras e maior conforto para as populações. Está em
curso o processo de cadastramento de beneficiários com vista
à introdução dos passes sociais nos transportes públicos.
No domínio das Telecomunicações e Tecnologias de Informação,
é relevante destacar a conclusão da construção e lançamento
no espaço do Satélite ANGOSAT-2, a entrada em operação do
Centro Nacional de Monitorização do Espectro Rádio Eléctrico,
a instalação de 32 estações meteorológicas de diversos tipos e
utilidades espalhadas por todo o país para a modernização do
INAMET e a conclusão e apetrechamento das mediatecas fixas
do Bié e Malanje e mediatecas móveis do Namibe e Andulo.
Os recursos minerais, petróleo e gás continuam a ser relevantes
para o nosso país, visto que, com a sua extracção e transformação,
obtemos a maior parte dos recursos necessários para sustentar
o desenvolvimento da nossa economia.
No tocante ao petróleo bruto, o declínio que se vem registando
na produção tem constituído um dos maiores desafios para o
país, pelo que, durante o mandato findo, foram desenvolvidas
acções que têm permitido reverter este quadro.
Considerando a importância do gás para o uso doméstico e
industrial, foram desenvolvidas acções para a monetização
do gás, com realce para a constituição do Novo Consórcio
de Gás, que irá alavancar a produção de gás não associado
e assim aumentar a produção deste recurso, reduzir o défice
de fornecimento à fábrica Angola LNG, garantir a geração de
energia eléctrica, possibilitar a implementação de fábricas de
fertilizantes no Soyo e alimentar a siderurgia de aço no Namibe
quando surgir.
No domínio da refinação, com o objectivo de aumentar a
oferta de derivados do petróleo, a consequente redução da
sua importação e o alcance da auto-suficiência em produtos
refinados, foi concluído o projecto de ampliação e modernização
da Refinaria de Luanda, tendo sido quadruplicada a produção
de gasolina.
Está em curso a construção da Refinaria de Cabinda, cuja
primeira fase vai processar trinta mil barris de petróleo por dia,
e ainda este ano foi lançada a primeira pedra para a construção
da Refinaria do Soyo com capacidade para processar cem mil
barris por dia. O Executivo reactivou a construção da Refinaria
do Lobito, que terá uma capacidade de processamento de
duzentos mil barris por dia.
Para o aumento da capacidade de armazenamento de combustíveis
em terra, foi construída na Lunda Sul uma instalação
com capacidade para armazenar 900 metros cúbicos e está
em curso a conclusão da primeira fase do Terminal Oceânico
da Barra do Dande, com capacidade para armazenar 582 mil
metros cúbicos.
No âmbito da Transição Energética, a Sonangol e seus parceiros
estão a implementar dois projectos de Energia Fotovoltaica nas
províncias do Namibe e da Huíla, que irão contribuir para o
aumento de energias renováveis na matriz energética do país.
Com o mesmo propósito, a Sonangol e seus parceiros estão
empenhados na implementação de projectos de Hidrogénio
Verde e Biocombustíveis.
SENHORA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL,
ILUSTRES DEPUTADOS,
No domínio macroeconómico, conseguimos reverter os profundos
desequilíbrios internos e externos em que o país se encontrava
em finais de 2017.
As finanças públicas, que acumulavam naquela altura sucessivos
défices orçamentais, voltaram a partir de 2018 para uma trajectória
de saldos fiscais positivos, à excepção do ano de 2020 devido
ao efeito da pandemia da COVID-19. Já no ano de 2021, o
saldo orçamental global voltou a ser positivo em cerca de
3,8% do PIB e o saldo primário foi de 9% do PIB, valor acima
dos 4,3% previstos inicialmente no OGE 2021. Os indicadores
mais recentes das finanças públicas do país apontam no sentido
de que no presente ano venhamos a ter igualmente um saldo
orçamental positivo.
Com as reformas económicas que realizámos, foi igualmente
possível inverter a trajectória do aumento da dívida pública,
tendo o stock da dívida em relação ao PIB passado de 133,8%
em 2020 para 84% em finais do ano de 2021.
Ao longo do presente ano, continuou-se a registar uma redução
do rácio da dívida pública, de modo que, no mês de Agosto
do presente ano, este rácio se situou em 66,2% do PIB, o que
nos coloca muito próximos do patamar de 60% estabelecido
na Lei da Sustentabilidade das Finanças Públicas.
Revertemos a trajectória de redução acentuada das Reservas
Internacionais do país. No período de 2014 a 2017, as Reservas
Internacionais Líquidas caíram 14,1 mil milhões de dólares
norte-americanos ao saírem de 27,7 mil milhões de dólares
norte-americanos em 2014 para 13,6 mil milhões de dólares
norte-americanos em 2017. Já no período de 2018 a 2021, as
Reservas Internacionais líquidas diminuíram em apenas 1,2 mil
milhões de dólares norte-americanos.
Estabilizámos as Reservas Internacionais em torno de uma
cobertura média de nove meses de importação de bens e
serviços nos últimos cinco anos e, em finais de Setembro de
2022, as nossas Reservas Internacionais atingiram um saldo de
13,61 mil milhões de dólares norte-americanos.
No mercado cambial, foi introduzido um regime de taxa de
câmbio flexível, o que permitiu ajustar o valor da moeda nacional
às condições do mercado. O mercado cambial funciona agora
normalmente sem quaisquer restrições administrativas, tendo
havido uma apreciação acumulada da moeda nacional em
relação ao dólar norte-americano de 40% entre 30 de Setembro
de 2021 e 30 de Setembro de 2022, após um longo período
de depreciação contínua.
O diferencial entre a taxa de câmbio do mercado oficial e a
prevalecente no mercado informal de divisas reduziu significativamente
de 150% no final de 2017 para menos de 10%
nos dias de hoje.
Trata-se de um elemento muito importante para a melhoria do
ambiente de negócios do país, sobretudo para os investidores
estrangeiros que pretendam expatriar os seus dividendos em
tempo oportuno e de modo seguro.
No que respeita às contas externas, é importante referir que
a Conta Corrente da Balança de Pagamentos de Angola, que
era deficitária no período de 2014 a 2017, passou a ter saldos
positivos desde o ano de 2018 até ao presente, incluindo o ano
de 2020 que foi muito afectado pelo impacto da COVID-19.
Perspectivamos terminar o ano de 2022 com um saldo positivo
da Conta Corrente em torno de 14% do PIB.
No que concerne à economia real, aquela dedicada à produção
de bens e serviços, é de referir o facto de Angola ter saído em
2021 de um longo período de recessão económica que durou
cinco anos. Em 2021 Angola teve um crescimento positivo do
Produto Interno Bruto de 0,7%.
Trata-se de um acontecimento de enorme importância, pois este
crescimento global foi conseguido graças a um crescimento
forte do sector não petrolífero em 6,4%, com destaque para a
agricultura e pecuária, pescas, indústria transformadora, indústria
extractiva (diamantes), comércio, construção, transportes e
outros serviços.
Em 2021 o sector petrolífero sofreu uma contracção de 11,6%.
Os dados do primeiro semestre do ano em curso apontam para
um crescimento do Produto Interno Bruto de 3,2%.
Estamos a viver realmente um novo paradigma de crescimento
no nosso país, com um crescimento puxado pela economia não
petrolífera onde o sector privado é o principal actor. A aposta
na diversificação da economia e na produção nacional começa
a dar os seus frutos. Vamos continuar e intensificar os esforços
neste sentido porque estamos no caminho certo.
Estima-se que, em 2022, a economia venha a ter um crescimento
de 2,7% e mais uma vez com um desempenho liderado pelo
sector não petrolífero, com o contributo do Programa de Apoio
à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de
Importações (PRODESI) e demais programas sectoriais, assim
como do Programa de Privatizações (PROPRIV), iniciado em
meados de 2019.
No âmbito do PROPRIV, foram concluídos 94 processos de
privatização entre 71 activos e 23 participações sociais em
empresas, cujos contratos celebrados correspondem a um valor
agregado de 961,14 mil milhões de kwanzas. Deste valor o
Tesouro Nacional já encaixou 565,60 mil milhões de kwanzas,
o que corresponde a quase 59% do valor global dos contratos.
Muitos destes activos estavam abandonados ou paralizados até
a data em que foram privatizados e hoje 47,1% dos mesmos
estão em pleno funcionamento e os demais em fase de arranque,
pagando impostos e contribuindo para o aumento de postos
de trabalho no país.
No que diz respeito ao nível geral de preços na economia,
depois de se ter conseguido alterar a trajectória de crescimento
da taxa de inflação que havia baixado de 42% em 2016 para
17,1% em 2019, em 2021, devido à COVID-19, registou-se um
aumento deste indicador para 30,4%.
Em 2022 estamos a registar uma trajectória nitidamente decrescente
das taxas de inflação, tendo-se a taxa de inflação
homóloga situado em 18,16% em Agosto. A previsão é que
a taxa de inflação acumulada se situe abaixo dos 18% no final
deste ano.
Esta evolução é o resultado das medidas tomadas pelo Executivo
para limitar os efeitos do aumento dos preços dos produtos
de amplo consumo na vida das populações, que incluíram a
isenção do pagamento de direitos aduaneiros e de redução
do IVA em 50% para alguns destes produtos e a entrada em
funcionamento da Reserva Estratégica Alimentar. A combinação
destas medidas e o aumento que já se vai verificando da oferta
de alguma produção nacional têm tido efeitos positivos sobre
a trajectória da inflação.
MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES
No que diz respeito ao reforço da democracia e do Estado
Democrático de Direito em Angola, destaco a aprovação da Lei
de Revisão Constitucional, a Lei n.º 18/21, de 16 de Agosto, que,
de entre outros aspectos importantes, veio estabelecer critérios
de restrição aos poderes do Executivo pela Assembleia Nacional
e a quase conclusão do Pacote Legislativo para a instituição das
Autarquias em Angola.
Foi aprovada legislação voltada para o reforço de garantias dos
administrados, dos cidadãos em geral e do sistema de justiça,
sendo de destacar: o Código do Processo do Contencioso
Administrativo, o Código do Procedimento Administrativo, o
Regime Jurídico da Responsabilidade do Estado e de outras
pessoas colectivas públicas, a Nova Lei Orgânica sobre o
Regime de Organização e Funcionamento dos Tribunais de
Jurisdição Comum, a Lei Orgânica dos Tribunais da Relação,
que aprova o Estatuto dos Administradores da Recuperação
ou da Insolvência, a Lei de Alteração do Código do Processo
Penal e a Lei da Apropriação Pública.
Actualmente estão estabelecidos dez Tribunais de Comarca
com a ascensão administrativa dos antigos tribunais Provinciais
do Uíge, Moxico, Saurimo, Huambo e Malanje.
Estão em funcionamento três Tribunais da Relação, nomeadamente
de Luanda, Huíla e Benguela.
O combate à corrupção e à impunidade continua a ser levado
a cabo pelos órgãos competentes, com determinação e objectividade.
Para termos uma perspectiva do que tem sido feito neste
domínio, gostaria de referir que, no período de 2012 a 2017,
tinham sido instaurados em Angola apenas 18 processos de
inquérito por crimes de corrupção, branqueamento de capitais
e conexos. Já no período de 2017 a Setembro de 2022, foram
instaurados 527 processos, sendo que 247 foram concluídos,
resultando na abertura de 106 processos-crime.
Ainda no período de 2017 a Setembro de 2022, foram instaurados
a nível nacional 2.511 processos por crimes de peculato, branqueamento
de capitais, corrupção, participação económica em
negócio e outros crimes económicos e financeiros envolvendo,
entre outros, titulares de cargos públicos. Destes processos,
2.037 encontram-se em instrução preparatória e 474 foram já
remetidos aos tribunais para julgamento, dos quais temos o
registo de 40 condenações.
Quanto às declarações de bens dos titulares de cargos públicos
e outras pessoas obrigadas por lei, de 2012 a 2017 foram
registadas 188 declarações de bens, ao passo que de 2017 a
Setembro de 2022 foram depositadas na Procuradoria-Geral
da República 3.635 declarações de bens.
No que diz respeito à recuperação de valores desviados do erário
público, o Estado recuperou dinheiro e bens que correspondem
a cerca de USD 5,6 mil milhões. No período de 2019 a Setembro
de 2022, procedeu-se à apreensão de bens e valores num total
de cerca de USD 15 mil milhões, sendo que USD 6,8 mil milhões
foram apreendidos em Angola e o restante no exterior do país.
ILUSTRES DEPUTADOS,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
Durante os últimos cinco anos, a nossa diplomacia concentrou-se
em projectar Angola como um Estado Africano com estabilidade,
com uma economia aberta ao investimento privado.
Fizemos importantes reformas no domínio da legislação do
investimento privado e introduzimos algumas mudanças na
política e procedimentos de vistos de viagem.
Devemos continuar a envidar esforços neste sentido para que
o nosso país se torne cada vez mais aberto e de fácil acesso
quer para negócios quer para o turismo.
As visitas de alto nível que efectuámos e as que tivemos a honra
de receber, assim como a redinamização das Comissões Bilaterais
contribuíram para a instauração de uma interacção profícua
quer a nível das autoridades angolanas e os seus parceiros,
quer entre os respectivos operadores económicos.
Na qualidade de Presidente em exercício da Conferência Internacional
sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), não só
levámos a cabo iniciativas visando a estabilização da situação
política e securitária de Estados-membros que infelizmente ainda
enfrentam a acção de grupos armados, como é o caso da República
Centro-Africana, mas também temos estado empenhados na
aplicação de uma nova dinâmica organizacional e operativa a
este mecanismo regional de máxima importância em prol da
garantia da estabilidade e do desenvolvimento da sub-região.
A 16.ª sessão extraordinária da Assembleia da União Africana
sobre o Terrorismo e as Mudanças Inconstitucionais de Governos
em África, realizada no dia 28 de Maio de 2022 em Malabo, na
República da Guiné Equatorial, elegeu-nos Campeão para a Paz
e Reconciliação em África e conferiu-nos o mandato de encetar
démarches diplomáticas, no âmbito da mediação da crescente
tensão que se registou na fronteira comum entre a República
Democrática do Congo e a República do Ruanda.
Os esforços da mediação angolana culminaram com a realização
em Luanda, no dia 6 de Julho do corrente ano, de uma Cimeira
Tripartida entre a República de Angola, a República Democrática
do Congo e a República do Ruanda, da qual resultou a aprovação
do Roteiro da CIRGL sobre o Processo de Pacificação da Região
Leste da RDC, no âmbito do qual, entre outras acções, os
Chefes de Estado decidiram pela criação de um Mecanismo de
Verificação ad hoc, liderado por um Oficial General angolano
baseado em Goma.
Refira-se igualmente que a Cimeira Tripartida permitiu a realização,
em Luanda, da Comissão Conjunta Permanente entre a República
Democrática do Congo e a República do Ruanda que já não se
reunia há mais de uma década. Devemos, pois, ter orgulho do
papel da nossa diplomacia na pacificação do nosso continente.
No que se refere às forças de defesa e segurança, é importante
referir que, no último quinquénio, fizemos importantes investimentos
na elevação do seu nível de organização, visando a
Reestruturação e Redimensionamento do Sector da Defesa
Nacional.
Reforçámos os meios para o combate à criminalidade e à
delinquência, procedemos à inserção dos pagamentos dos
salários do Sector da Defesa Nacional no Sistema Integrado
de Gestão das Finanças do Estado (SIGFE), reorganizámos e
reiniciámos a actividade da indústria de defesa, como é o caso
da fábrica de produção de uniformes militares, que teve o seu
arranque com uma capacidade instalada para uma produção
de 22 mil uniformes por mês.
Desenvolvemos acções para reforçar a sustentabilidade económico-
financeira do Sistema de Segurança Social das FAA e
da Caixa de Protecção Social do Ministério do Interior, entre
outras acções relevantes.
SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS,
CAROS COMPATRIOTAS,
Tal como no meu primeiro mandato, nos próximos anos a nossa
prioridade continuará a ser a melhoria das condições de vida
e de bem-estar de todos os angolanos.
O Executivo vai continuar a dedicar toda a sua atenção e empenho
para o desenvolvimento económico e social de Angola.
Queremos que os nossos professores sejam valorizados e
possam ensinar as nossas crianças com mais qualidade, com
melhores condições nas nossas escolas públicas.
Almejamos ver os nossos hospitais não só bem apetrechados
do ponto de vista técnico e laboratorial, com profissionais bem
preparados do ponto de vista profissional, mas que sobretudo
sejam capazes de prestar serviços médicos mais humanizados
e com a qualidade desejada e requerida.
Ambicionamos ver os nossos licenciados e pós-graduados
melhor preparados nas nossas instituições de ensino superior,
a fim de contribuírem para o aumento da produtividade, da
competitividade e da inovação nos mais diversos ramos da
nossa vida económica e social.
Trabalharemos para que as nossas comunidades urbanas e rurais
tenham melhor saneamento básico, habitações condignas com
energia e água potável, num ambiente em que a segurança
e ordem interna sejam permanentemente garantidas, onde as
famílias vivam em paz e em harmonia, desenvolvendo cada um
toda a sua criatividade e talentos.
Queremos uma economia forte, com micro, pequenas, médias
e grandes empresas eficientes, com elevada produtividade e
rentabilidade, que garantam o emprego aos angolanos com
remuneração e condições de trabalho dignas.
Lutaremos sempre por edificar uma Nação forte e estável, no
quadro de um verdadeiro Estado Democrático de Direito, um
país respeitado no concerto das Nações, que contribua efectiva
e activamente para a paz e o progresso da humanidade.
Estas são as aspirações de todos os angolanos e para as alcançar
temos de trabalhar unidos, cada um fazendo a sua parte.
CAROS COMPATRIOTAS,
Tendo por base o Programa Eleitoral sufragado nas urnas em
Agosto do corrente ano, o Executivo está a preparar o Plano
de Desenvolvimento Nacional para o período 2023-2027. Este
importante documento vai reflectir as prioridades do Executivo
e definir o que queremos para Angola nos próximos cinco anos,
onde queremos estar, que recursos temos para lá chegar e
como lá chegar.
Permitam-me, pois, partilhar convosco algumas das nossas principais
perspectivas para os próximos cinco anos de governação.
O maior investimento que uma Nação pode fazer é o investimento
na educação do seu povo e, em particular, da sua juventude.
Uma educação com qualidade, que prepare a força de trabalho
de hoje e a de amanhã para serem agentes talentosos, criativos,
inovadores e produtivos no mercado de trabalho e na sociedade,
é a base para a prosperidade das nações.
As nossas principais perspectivas para o sector da educação
nos próximos anos serão a de dar continuidade ao Programa
Nacional de Formação e de Gestão do Pessoal Docente que visa
assegurar que as funções de docentes na educação pré-escolar,
no ensino primário e em cada disciplina do I e II ciclos do ensino
secundário sejam garantidas em cada província por professores
devidamente qualificados.
Prosseguir com o Projecto das Escolas de Referência iniciado em
2021, para que as mesmas sirvam de modelo para a promoção
das melhores práticas pedagógicas e de gestão escolar, devendo
ser vistas como as sementes que estão a ser lançadas agora para
que tenhamos bons resultados no futuro, implementar uma
diferenciação remuneratória para os professores que exerçam
a função docente em áreas recônditas do país, implementar um
programa de apetrechamento dos laboratórios e bibliotecas das
escolas, aumentar a dotação e disponibilização financeira efectiva
destinada ao investimento em infra-estruturas escolares, com
destaque para a construção de escolas primárias e secundárias,
disponibilizar recursos financeiros necessários ao seu normal
funcionamento e manutenção.
No sector do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação,
vamos dar continuidade ao programa de melhoria de infra-
-estruturas das instituições de ensino superior que engloba
a sua construção e o seu apetrechamento, sendo de destacar
alguns projectos de investimento público em sete províncias,
designadamente: a Universidade Onze de Novembro e o
ISCED em Cabinda; a Universidade Lueji A N’konde no Dundo
e em Saurimo; a Universidade Agostinho Neto em Luanda; a
Universidade Rainha Njinga A Mbande em Malanje; O Instituto
Superior Politécnico do Soyo e a Escola Superior de Ciências
Sociais, Artes e Humanidades de Mbanza Congo no Zaire e o
Instituto Superior Politécnico no Luena no Moxico.
Salientamos a importância de garantir alojamentos para os
estudantes internos a fim de beneficiar prioritariamente os
que se deslocam da sua província de residência, por não ser
possível ter toda a oferta formativa desejável em cada província.
Serão alocados recursos específicos para a formação pós-graduada
de docentes, no quadro de um programa de melhoria das
qualificações profissionais do pessoal docente e não docente
do Subsistema de Ensino Superior, que constituirão um reforço
ao programa de bolsas de pós-graduação do Projecto de
Desenvolvimeto de Ciencia e Tecnologia, com a recomendação de
se zelar sempre pelo equilíbrio do género entre os beneficiários.
Vamos dar continuidade ao Programa de envio anual de trezentos
licenciados e mestres para as melhores universidades do mundo,
devendo ser mantido o grau de exigência que o mesmo tem
demonstrado.
No âmbito do apoio social aos estudantes mais carenciados
e de mérito, vamos trabalhar para expandir a atribuição de
bolsas de estudo internas. No próximo quinquénio, a meta do
Executivo é de alcançar dez mil novas bolsas anuais.
Vamos instituir o Prémio Nacional de Ciência e Inovação para
distinguir investigadores, equipas e instituições nacionais de
excelência no domínio da investigação. Vamos concluir as
obras de construção e apetrechamento do museu da ciência
e tecnologia com o seu planetário, entre outras atracções,
que, para além de servir os estudantes e investigadores, ficará
também aberto ao público visitante.
No Sector da Saúde, vamos continuar a fortalecer o Sistema
Nacional de Saúde, garantindo os cuidados de saúde primários,
melhorando o financiamento do sector e aumentando e
optimizando os recursos humanos.
Vamos concluir e construir 205 unidades de saúde dos três níveis
de assistência, sendo de destacar: o Hospital Geral de Caxito,
o Hospital Geral de N’Dalatando, o Hospital Geral do Sumbe, o
Hospital Geral de Ondjiva, o Hospital Geral do Dundo, o Hospital
Geral do Uíge, o Hospital Geral de Mbanza Congo, o Hospital
Geral de Malanje, o Hospital Geral de Viana, o Hospital Geral de
Cacuaco, o Hospital Materno-Infantil de Benguela e da Huíla, o
Hospital Geral da Catumbela, o Hospital Geral do Bailundo, o
Hospital Pediátrico do Huambo, a Nova Unidade de Tratamento
dos Queimados, o Serviço de Oncologia no Complexo Hospitalar
Cardeal Dom Alexandre do Nascimento. Vamos também estender
os serviços de hemodiálise para todas as províncias do país, à
razão de pelo menos uma unidade na capital da província.
Vamos continuar a realizar concursos públicos até 2024, para dar
resposta ao crescimento da população e ao aumento crescente
das infra-estruturas.
O nosso foco estará virado para o desenvolvimento do capital
humano com um incremento das acções de formação, capacitação,
especialização e o desenvolvimento das carreiras dos
quadros do sector, estando neste momento em curso a admissão
de oito mil novos profissionais.
Continuaremos a expandir a rede sanitária, priorizando as
unidades dos cuidados de saúde primários de modo a dar
resposta às necessidades de saúde dos cidadãos e ao crescimento
demográfico.
Em todas as capitais de província, teremos hospitais com capacidade
de resolução de problemas de média e alta complexidade,
para prosseguirmos com a redução das evacuações de doentes
para Luanda e para o exterior do país, passando o cidadão a
resolver os seus problemas de saúde próximo da sua família e
do seu local de trabalho.
Temos de ser mais ambiciosos na criação de condições para,
num futuro próximo, adquirirmos capacidade para termos uma
indústria de produção de medicamentos, de vacinas e produtos
médicos e laboratórios de controlo de qualidade, caminhando
assim para uma maior autonomia neste domínio.
No Sector da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, as
perspectivas são as de continuar a reforçar os mecanismos
de protecção social, através da integração dos sistemas de
informação e do Registo Social Único.
Daremos continuidade ao Programa Kwenda no âmbito das
transferências sociais monetárias, para assegurar a assistência
social às pessoas em situações de vulnerabilidade, calamidade
e sinistro, prosseguir com a reintegração dos ex-militares em
actividades geradoras de rendimento e promover projectos
geradores de renda a pessoas com deficiência.
Deve continuar o combate à violência baseada no género, bem
como todas as formas de violência praticadas contra a criança,
adolescentes, pessoas idosas e mulheres, e garantir a aprovação
e a aplicação de um quadro legal que penalize de forma severa
a violência baseada no género e garanta a protecção e o apoio
à recuperação das vítimas.
O Executivo vai continuar a trabalhar para melhorar o Índice de
Desenvolvimento Jovem, conferindo aos jovens maior acesso
à saúde, à formação, à qualificação profissional e académica
que os habilite à plena integração no mercado de trabalho,
de modo que possam desfrutar de uma vida longa, saudável,
instruída e com condições aceitáveis de existência num contexto
de liberdade, dignidade, auto-respeito e respeito pelos outros.
Continuaremos a promover o Prémio Nacional da Juventude
e desta forma premiar as melhores iniciativas nas categorias
de Empreendedorismo Juvenil, Associativismo e Voluntariado
Juvenil, Ensino, Investigação e Extensão, Empresariado Juvenil,
Superação e Solidariedade na Comunidade, Cultura e Artes,
Invenção e Inovação, Excelência no Desporto.
Daremos continuidade à implementação do Programa de
Orientação Económica da Juventude Angolana, um programa
que já teve mais de mil jovens beneficiários em todo o país, cuja
finalidade é formar os jovens em empreendedorismo, finanças,
criação e gestão de negócios e fomento das cooperativas juvenis
nos domínios do agronegócio.
Apostaremos sempre na criação de condições para a massificação
do desporto, retirando maior aproveitamento da infra-estrutura
desportiva existente ou construindo novas infra-estruturas, bem
como apoiando a formação dos agentes desportivos.
Assim se vai proporcionar um acesso alargado à prática desportiva
e à actividade física, que contribua para um estilo de vida saudável
dos angolanos, reforçar a nossa capacidade de participar em
grandes eventos desportivos com melhores resultados em
modalidades desportivas de alta competição.
O Executivo reconhece a relevância da Cultura e particularmente
da arte como exercício de cidadania e como contribuição à
economia nacional, através das indústrias criativas. Reconhecendo
a importância da cultura na sociedade, instituiu-se a “Carteira
Profissional do Artista”, o que constitui uma oportunidade
ímpar para a sua inserção no mercado do trabalho e direito à
segurança social.
É importante a criação de agendas culturais e artísticas por parte
de instituições licenciadas para a realização de espectáculos,
bem como junto de unidades hoteleiras, resorts e restaurantes.
As salas de espectáculos de reconhecido interesse patrimonial
devem ser restauradas e com boa gestão privada ou público-
-privada. Vamos incentivar a promoção da lei do mecenato
e outros instrumentos legais direccionados para a melhoria
da situação social dos artistas, promover actividades nos
recém- requalificados museus, no interesse cultural e turístico.
Serão concluídas em breve as obras do Centro Cultural do
Huambo e terão início as obras de requalificação do antigo
edifício da Assembleia Nacional que passará a ser o Palácio
da Música e do Teatro, como um ex-libris da cidade de Luanda,
associado à “Casa do Artista”, como projecto de apoio social.
O Executivo continua empenhado em consolidar o Poder Local
promovendo sessões de auscultação junto das autoridades
tradicionais, entidades que no contexto do direito consuetudinário
são relevantes, dado o seu conhecimento endógeno e o seu
papel social na organização das comunidades.
Por isso, iremos organizar o IV Encontro Nacional sobre as
Autoridades Tradicionais no I trimestre de 2023, bem como iremos
submeter à Assembleia Nacional uma proposta de Lei sobre
as Instituições do Poder Tradicional, cuja aprovação permitirá
definir as atribuições, competências, organização, regime de
controlo, responsabilidade do património das instituições do
poder tradicional, as relações institucionais entre estas e os
órgãos da administração local do Estado e da administração
autárquica, bem como a tipologia das autoridades tradicionais.
O Executivo vai iniciar o recadastramento das autoridades
tradicionais, conferindo assim a dignidade merecida àqueles
que realmente possuem tal título pela linhagem de sucessão.
No domínio da salvaguarda do património histórico-cultural, o
Executivo tem vindo a envidar esforços que culminaram com a
classificação nacional de mais de 300 bens como património
cultural material e imaterial, assim como a manutenção da
Integridade do Centro Histórico de Mbanza Kongo como
Património da Humanidade.
Vamos prosseguir os trabalhos preparatórios para a inscrição,
junto da UNESCO, dos sítios do Cuito Cuanavale, do Corredor
do Kwanza e da arte rupestre Tchitundu Hulu, os quais constam
já da Lista Indicativa desta agência das Nações Unidas, assim
como os “Sona” (desenhos na areia), para que sejam declarados
Património Cultural Imaterial.
Vamos construir os monumentos em memória aos soberanos
Rainha N’jinga M’bande e N’gola Kiluanje e construir a ombala
dos Reinos do N’dongo e da Matamba em Malanje, pelo
respeito que lhes devemos e pela necessidade da preservação
da história.
Decidimos voltar a criar o Ministério do Ambiente, reconhecendo
a necessidade de dar autonomia à implementação de
políticas públicas que garantam a protecção da fauna, da flora
e dos recursos naturais, enquanto requisitos essenciais para o
crescimento e desenvolvimento sustentável de Angola.
Neste sector, vamos continuar a trabalhar para consolidar a
gestão ambiental em diversas áreas, de forma a conseguirmos
materializar os pressupostos da economia verde e de baixo
carbono e assim consolidar o desenvolvimento sustentável,
para que todos os angolanos possam viver num ambiente
sadio e não poluído e com o dever de o defender e preservar.
A nossa prioridade será a melhoria do saneamento ambiental,
a recuperação dos ecossistemas degradados, a redução da
emissão de gases de efeito estufa, a monitoria no combate aos
crimes ambientais e a intensificação da educação ambiental
das populações de forma a adoptarmos comportamentos que
ajudem na preservação do ambiente.
Vamos consolidar a implementação da Estratégia Nacional para
as Alterações Climáticas, bem como das metas em relação à
biodiversidade e recuperação de ecossistemas, de modo a
retirar da linha de extinção espécies da nossa fauna como é o
caso da Palanca Negra Gigante, nosso símbolo nacional.
ILUSTRES DEPUTADOS,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
Depois de termos conduzido com sucesso o Programa de
Estabilização Macroeconómica de Angola, neste mandato
pretendemos focar a acção governativa nos aspectos relativos ao
desenvolvimento do capital humano do nosso país, à expansão
e modernização das infra-estruturas e à intensificação dos
esforços com vista à diversificação da economia nacional.
Tendo em conta a tendência decrescente dos níveis de inflação
em Angola, vamos continuar a trabalhar para que atinjamos,
nos próximos dois anos, uma taxa de inflação acumulada anual
de um só dígito. Isto será bom para o aumento do poder de
compra das nossas populações e contribuirá enormemente
para a redução das taxas de juro nominais prevalecentes no
nosso mercado.
A diminuição das taxas de juro constitui um factor fundamental
para o aumento do crédito à economia e para o fortalecimento
da vida empresarial em Angola.
Considerando os altos níveis de desemprego prevalecentes no
país e com vista a aumentar a oferta de postos de trabalho, o
Executivo irá implementar um programa nacional de emprego.
Pretendemos trabalhar na coordenação de todas as iniciativas
públicas e privadas em Angola que visam a redução dos níveis
de desemprego, compreendendo a formação de competências,
empreendedorismo, formalização, financiamento e ambiente
institucional, assim como a implementação de medidas realistas
e flexíveis que permitirão corrigir os erros e constrangimentos
à medida que forem sendo identificados.
De entre as perspectivas para o Sector da Agricultura, destacamos
a implementação do Plano Nacional de Fomento da Produção
de grãos (PLANAGRÃO) aprovado recentemente, que visa o
fomento da produção de grãos em grande escala, tendo como
prioridades as culturas do trigo, arroz, soja e milho, com foco nas
províncias do leste de Angola (Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico
e Cuando Cubango), assim como no Uíge e Malanje. Com esta
iniciativa, pretende-se de igual modo promover as cadeias de
valor dos grãos e fomentar a produção animal.
Continuaremos a envidar esforços para garantir a implementação
do Plano Integrado de Aceleração da Agro-pecuária Familiar,
que deverá prever acções no âmbito da assistência técnica,
garantia de factores de produção, apoio à mecanização agrícola
e criação de infra-estruturas de apoio à produção agro-pecuária,
com incidência a nível dos municípios.
Como forma de mitigar os efeitos da estiagem e promover a
produção agro-pecuária, está prevista a construção e reabilitação
de barragens e perímetros irrigados, nas províncias do Cunene,
Huíla, Bié, Cuanza Sul, Benguela e na região agro-silvopastoril
do Porto Amboim e Dombe Grande.
No âmbito do fomento da produção pecuária e como forma de
impulsionar a actividade do sector empresarial privado, vamos
desenvolver um plano que será suportado por uma linha de
financiamento de aproximadamente 300 milhões de dólares
norte-americanos.
No domínio das florestas, devemos implementar, com rigor e de
forma célere, o conjunto de medidas aprovadas para reforçar
e melhorar a gestão dos recursos florestais e faunísticos, com
destaque para a criação do Serviço de Guarda Nacional de
Fiscalização Florestal e Faunística e um regime de concessões
florestais, com a obrigatoriedade de reflorestamento, em substituição
da licença de exploração, bem como a implementação
do Programa Integrado de Gestão do Ecossistema Florestal do
Miombo.
Ainda no domínio das florestas e com o propósito de ampliar o
número de infra-estruturas e serviços integrados e polivalentes
para a facilitação da comercialização da madeira, está prevista
a construção de mais três Entrepostos Florestais nas províncias
de Benguela, Moxico e Cabinda.
No Sector das Pescas, devemos continuar a investir no fomento
da pesca artesanal e aquicultura, para melhor aproveitamento dos
19 Centros Integrados de Apoio à Pesca Artesanal já instalados,
continuar a implementar o Projecto Integrado do Serviço Nacional
de Fiscalização Pesqueira e de Aquicultura para o reforço
da capacidade institucional e aquisição de meios náuticos e
tecnológicos, para o combate à pesca ilegal não declarada e
não regulamentada.
Vamos implementar um Plano Nacional de Fomento das Pescas,
com um financiamento de 300 milhões de dólares americanos, que
beneficiará igualmente as cooperativas que reúnam as condições
para o acesso às linhas de financiamento disponibilizadas para
o efeito. No que respeita ao fomento da aquicultura, prevê-se
a construção de três centros de larvicultura nas províncias do
Uíge, Huíla e Moxico.
No domínio da indústria transformadora, vamos implementar
uma política industrial que potencie a criação de Zonas Francas,
com enfoque para segmentos com potencial industrial como a
agro-indústria, a produção de têxteis e vestuário e outros com
elevado potencial exportador e vamos implementar incentivos
para atrair Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e start-ups
para o sector agro-industrial.
No domínio do turismo, vamos trabalhar para posicionar Angola
como um dos maiores destinos turísticos na região da SADC
e da Comunidade Económica dos Estados da África Central
(CEEAC), criar com o sector privado condições de excelência
em zonas turísticas prioritárias como Cabo Ledo, Projecto KAZA
no Cuando Cubango, Bié e Moxico, Parque do Iona no Deserto
do Namibe e Calandula em Malanje, melhorando a qualidade
das infra-estruturas de suporte à actividade turística, tais como
as vias de acesso, telecomunicações, energia e água, bem como
serviços de transporte e outros serviços públicos, modernizando
as infra-estruturas e disponibilizando novos serviços para criar
um enquadramento mais propício ao turismo para estimular
a procura.
No que se refere aos recursos minerais, petróleo e gás, o
Executivo continuará a desenvolver acções para a criação
de um ambiente favorável à captação de investimentos, com
o objectivo de manter a produção de petróleo bruto acima
de um milhão de barris por dia ao longo dos próximos anos,
impulsionar a reposição de reservas de petróleo, desenvolver
novos projectos de monetização do gás natural não associado,
optimizar e fomentar a produção de produtos refinados de
petróleo bruto, no sentido de garantir a auto-suficiência do país.
Quanto ao sector mineiro, com base no aumento do conhecimento
geológico do país e da capacidade laboratorial e tecnológica
estabelecidos no mandato anterior, foi possível tornar o sector
mais atraente e trazer ao país três grandes empresas mineiras
do mundo (a Angloamerican, a Rio Tinto e a De Beers), para
desenvolverem a actividade de prospecção e exploração de
diamante, cobre, metais ferrosos e não ferrosos.
No domínio dos diamantes, pretende-se aumentar consideravelmente
a produção deste recurso, através do desenvolvimento
de novos projectos de grande dimensão e o fomento de outros
de natureza semi-industrial que poderão ser impulsionados
por empresários angolanos. Neste mandato, pretende-se
também aumentar a percentagem de diamantes lapidados
com a construção de mais fábricas no Pólo de Desenvolvimento
Diamantífero de Saurimo.
No domínio do ouro, registou-se no mandato findo o início da
sua produção, prevendo-se o seu incremento neste mandato, o
que justificou o lançamento da primeira pedra para a construção
da primeira refinaria de ouro em Angola.
O Sector dos Recursos Minerais continuará igualmente a promover
a captação de novos investimentos, visando impulsionar a
actividade de prospecção e pesquisa de vários minerais, como
elementos de terras raras, ferro, cobre, nióbio, lítio e manganês,
com o propósito de garantir o aumento das reservas minerais
que suportam a continuidade da actividade extractiva.
Para os próximos anos será importante assegurar o aproveitamento
de recursos minerais não metálicos para a sua utilização
na actividade agrícola, nomeadamente fosfatos, calcário e outros
agrominerais usados na correcção de solos para a redução
da acidez e o aumento da produção de alimentos básicos de
consumo, mediante o fomento da actividade agrícola conducente
à melhoria da segurança alimentar e ao combate à pobreza.
Considerando que as províncias do Namibe, Huíla e Cunene já
exploram em grande escala rochas ornamentais, o Executivo
vai implementar um Pólo de Desenvolvimento de Rochas
Ornamentais no Namibe, onde serão construídas fábricas de
transformação destes recursos em produtos finais.
Angola foi admitida como membro do Comité Internacional
da Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extractivas, com
o objectivo de continuar a promover a boa governação e
consequentemente melhorar a transparência na gestão das
receitas provenientes destas indústrias. Nos próximos anos
vamos consolidar a nossa adesão a esta organização através da
implementação dos princípios e das normas desta instituição.
O Sector das Obras Públicas e Ordenamento do Território
continuará a actuar como catalisador do crescimento económico
e da competitividade, com foco no escoamento da produção
nacional agrícola e industrial e promover a elaboração e implementação
dos Instrumentos de Ordenamento do Território,
bem como fomentar a construção de habitação condigna e
acessível, com os serviços básicos e infra-estruturas necessárias,
priorizando a execução dos projectos de reparação de estradas
constantes do Plano de Salvação de Estradas e no programa
de reabilitação das estradas nacionais, com prioridade para os
eixos rodoviários que concorrem de forma directa para alavancar
o desenvolvimento económico e social.
Vamos dar uma atenção especial à construção de estradas
circulares nas cidades capitais de província, vamos continuar a
construção de novas centralidades e a conclusão dos projectos
habitacionais em curso, incluindo a construção de habitação acessível
às famílias vulneráveis, vamos desenvolver e implementar
um programa de apoio à autoconstrução dirigida como o meio
mais adequado para a solução dos problemas de habitação do
país e atrair o sector privado a investir na imobiliária de padrão
médio/alto para arrendamento e comercialização.
No domínio do abastecimento de água, perspectivamos para a
Província de Luanda, onde o défice no abastecimento de água é
significativo, realizar um investimento de mais de 2,5 mil milhões
de dólares americanos, com a execução dos novos sistemas de
abastecimento de água do BITA e do QUILONGA, com uma
capacidade de produção que vai garantir o abastecimento a
pelo menos 7,5 milhões de habitantes.
Decorre a execução dos novos sistemas de abastecimento de
água de Saurimo e N’Dalatando, que se espera concluir em
2023 e 2024, respectivamente. Está previsto o aumento da
capacidade de produção no Lubango com a construção de furos
adicionais, assim como nas sedes municipais de Maquela do
Zombo, Lucala, Matala, Bocoio, Marimba, Quela, Cangandala,
Chitembo, Tchicala-Tcholoanga, Tchindjendje, Gabela, Cacolo,
Muconda e Dala, devendo ser concluídos até 2024.
Está previsto iniciar a execução dos novos sistemas de água
nas sedes municipais da Humpata, Chibia, Damba, Bailundo
e Andulo.
Estão a ser desenvolvidos projectos de extensão das redes de
distribuição de água nas cidades do Uíge, Huambo, Sumbe,
Dundo, N’Dalatando, Ondjiva, Caxito, Malanje e Saurimo, em
mais de 79.000 ligações domiciliares, de forma a responder
ao elevado ritmo de crescimento populacional nessas cidades.
Vamos continuar a implementar os projectos estruturantes de
combate aos efeitos da seca. Neste contexto, na província do
Cunene estão em construção e deverão ser concluídas as obras
de construção das barragens do N´due e do Calucuve na área
da bacia do rio Cuvelai, bem como da Cova do Leão na região
da Cahama e Curoca, área da bacia do rio Cunene.
O Executivo está igualmente a mobilizar recursos para começar
a desenvolver, nos próximos meses, os projectos previstos para
a província da Huíla, concretamente as barragens da Arimba,
Embala do Rei e N’ompombo e na província do Namibe as
barragens do Bero, Curoca, Bentiaba, Giraúl, Carunjamba e
Inamangando, incluindo os canais associados a cada uma delas.
No domínio da produção de energia, nos próximos meses
deverão ser concluídas as obras de reabilitação e ampliação das
centrais hidroeléctricas da Matala na Huíla e do Luachimo na
Lunda Norte, cuja entrada em funcionamento terá um significativo
impacto na disponibilidade energética das regiões que atendem.
Com a entrada em operação dos parques solares de Benguela, a
taxa de penetração de energias renováveis na matriz energética
nacional passa a ser de 64%, dos quais 58,7% de fonte hídrica,
4,6% de fonte solar e 0,6% de fonte híbrida.
Quanto ao transporte de energia, após a conclusão da interligação
entre a região Norte e Centro do país por via da linha
de transmissão Laúca-Waco Cungo-Huambo-Cuito, deverá
ter início proximamente a construção da interligação entre
as regiões Centro e Sul, através das linhas de transmissão
Huambo-Lubango-Namibe numa extensão de 540 km,
Lubango-Ondjiva numa extensão de 382 km e Huambo-Menongue
numa extensão de 315 km.
Vamos incluir igualmente neste programa a interligação entre
o Norte e o Leste do país, por via da linha de transmissão
Malanje-Saurimo numa extensão de 565 km, perfazendo um
total de mais de 1.800 km de linhas de transmissão de energia
eléctrica a construir.
Com o fim de proporcionar mais energia a menores custos, serão
concluídos mais cinco parques fotovoltaicos nas localidades
de Saurimo, Luena, Bailundo, Lucapa e Cuito, num total de 84
MW, estando em construção no Namibe na modalidade BOT
o parque solar de Caraculo com a capacidade de 50 MW.
Para expandir o acesso à energia eléctrica nas regiões menos
favorecidas do leste e sul do país, está a ser desenvolvido
um amplo programa de electrificação rural, com o emprego
de energia fotovoltaica com acumuladores nas províncias do
Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul, Namibe, Cunene, Cuando
Cubango, Malanje e Huíla, num total de 126 localidades e mais
de três milhões de pessoas beneficiadas, a ser concluído no
prazo de três anos.
No domínio dos transportes e no que diz respeito à aviação civil,
vamos iniciar a construção do Novo Aeroporto Internacional
de Cabinda, tirando proveito da localização geográfica desta
província do país, vamos dar continuidade à construção do novo
Aeroporto de Mbanza Congo, criando mais conectividade para
a província do Zaire com vista ao fomento do turismo e tendo
em conta os compromissos assumidos com a UNESCO, assim
como concluir a implementação do Programa de Modernização
dos Sistemas de Apoio à Navegação e Controlo do Espaço
Aéreo Nacional, tornando os nossos céus mais seguros para
todos os seus utilizadores, nacionais e internacionais.
No domínio do Transporte Ferroviário, lançámos em Luanda
quatro comboios modernos, as chamadas automotoras DMU, e
dentro de dias iremos reforçar Luanda com mais três automotoras,
iniciaremos em breve com a circulação de três destes comboios
a ligar o Lobito a Benguela e mais tarde outros do mesmo tipo
a ligar o Lubango ao Namibe.
Como já me referi atrás, na legislatura passada realizámos o
concurso público internacional para a concessão dos Caminhos de
Ferro de Benguela, ou seja, o Corredor do Lobito para um período
inicial de 30 anos, com perspectivas de alargamento, tendo em
conta a intenção do Grupo Concessionário em construir o ramal
ferroviário de ligação Luacano, no Moxico, a Jimbe, na Zâmbia.
Deste modo, o Corredor do Lobito permitirá também aprofundar
a integração de Angola no contexto regional com ligação não só à
RDC como também directamente à Zâmbia. Nos próximos meses
começaremos a sentir o impacto desta iniciativa e o seu benefício
para as populações e para os negócios nesta região do país.
Estamos a trabalhar na viabilização da construção do ramal do
CFB que ligará a cidade do Luena a Saurimo, com a perspectiva
de uma ligação futura de Malanje a Saurimo, materializando-se
assim a interconexão entre as linhas férreas nacionais do CFB
e do CFL.
Nesta legislatura, iremos reabilitar o troço ferroviário do Zenza-
Cacuso numa extensão de 215 km, com vista a melhorar a
segurança operacional da linha do Caminho de Ferro de Luanda,
bem como reduzir significativamente o tempo de viagem entre
Luanda e Malanje.
Ainda neste domínio, considerando a urgência em melhorar
a oferta de transportes públicos em Luanda, daremos início à
construção do Metro de Superfície de Luanda, um projecto que
facilitará a mobilidade em massa na capital do país.
No domínio marítimo-portuário, vamos concluir a construção
do quebra-mar para a nova ponte cais de Cabinda, ficando
assim concluídas todas as infra-estruturas necessárias para
o funcionamento dos terminais de cabotagem de Luanda,
Cabinda e Soyo que permitirão aumentar a capacidade de
transportação de carga e também de passageiros com todo o
conforto e segurança.
Continuaremos a trabalhar de forma célere para a conclusão da
construção do terminal marítimo de águas profundas do Caio
em Cabinda, bem como arrancará o projecto da zona franca
adjacente, projecto que, para além de transformar a província
num importante hub logístico, irá gerar muitos postos de trabalho.
O projecto de desenvolvimento integrado da baía de Moçâmedes
já arrancou e as obras começam a ser já visíveis, contemplando
a expansão do porto do Namibe com um novo terminal de
contentores, bem como a reabilitação do terminal mineraleiro
do Sacomar, associando-se ainda no mesmo a requalificação
da baía.
Este projecto permitirá aumentar a capacidade de produção e
exportação, sobretudo de minérios da região sul, bem como a
dinamização de outros sectores, com particular destaque para
o turismo e cultura.
Ainda no domínio marítimo-portuário, iremos implementar a
1.ª fase do projecto de desenvolvimento integrado da Barra do
Dande – zona franca, com vista a elevar a segurança alimentar,
energética, e o desenvolvimento económico e industrial daquela
região do país.
Está em curso a implementação do plano estratégico de dinamização
da Rede Nacional de Plataformas Logísticas (RNPL), estando
em fase avançada o processo de concessão das plataformas do
Luvu, do Soyo e do Luau, numa lógica de parceria público-privada.
Ao longo do presente mandato, pretendemos lançar os concursos
e concretizar as plataformas logísticas de Arimba, na Huíla,
Caála, no Huambo, Lombe, em Malanje, garantindo o apoio às
actividades agro-pecuária, comercial, industrial e mineraleira.
No Sector das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e
Comunicação Social, vamos continuar o processo de expansão
e modernização das infra-estruturas e extensão da cobertura
da banda larga no país, com destaque para a modernização
da Angola Telecom e expansão dos seus serviços, a entrada
em serviço do satélite ANGOSAT 2, a implementação da
2.ª fase do projecto de modernização e gestão do espectro
rádio eléctrico, a entrada em operação do centro de controlo
e missão de satélites e a implementação da 2.ª fase do projecto
de modernização do INAMET.
Vamos concluir a reforma legislativa da comunicação social
que incluirá alterações às Leis sobre o Estatuto do Jornalista e
sobre a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCA)
e, subsequentemente, a regulamentação das leis que integram
o pacote legislativo da comunicação social e regulamentação
das rádios comunitárias e imprensa online/comunicação digital.
Daremos continuidade aos investimentos de modernização
técnica e tecnológica dos orgãos públicos de comunicação social,
que incluirá a conclusão da transição dos serviços analógicos
para os digitais e do apetrechamento da Agência Noticiosa
Nacional ANGOP, vamos concluir o programa de extensão
dos sinais de rádio e de televisão a todo o território nacional
para garantir o acesso à informação a todos os cidadãos e os
projectos de modernização dos emissores da Rádio Nacional
de Angola e a modernização das redacções e do parque gráfico
das Edições Novembro.
Vamos preparar a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética,
que terá como foco garantir a protecção e a defesa das
infra-estruturas críticas e dos serviços vitais de informação,
como também potenciar uma utilização livre, segura e eficiente
do ciberespaço por parte das entidades públicas e privadas.
Para o Sector da Justiça e dos Direitos Humanos, perspectiva-se
dar continuidade às acções de Reforma da Justiça e do Direito,
bem como a conclusão da implementação do Mapa Judiciário,
instalando os dois Tribunais da Relação na 2.ª e 4.ª Regiões
Judiciárias e os 31 Tribunais de Comarca, bem como se vai
proceder à informatização do Sistema Judiciário.
Vamos continuar a melhorar a universalização do Registo de
Nascimento, da atribuição do Bilhete de Identidade e a extensão
do Registo Predial. Neste domínio, vamos implantar mais quatro
centros regionais de emissão do Bilhete de Identidade, concluir
o desenvolvimento e a expansão da plataforma electrónica para
o Registo Civil e daremos início à implementação gradual do
bilhete digital como pressuposto não só para o alinhamento
com a moderna tecnologia como também para a diminuição
dos custos com a impressão do Bilhete de Identidade físico.
Para dar continuidade ao que iniciámos no primeiro mandato,
a cooperação internacional no âmbito do sector da Justiça será
reforçada, sobretudo no que respeita à recuperação de recursos
públicos ilegalmente obtidos para serem repatriados para
Angola e que são essenciais para o desenvolvimento do país.
ILUSTRES DEPUTADOS,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
O pacote legislativo autárquico encontra-se praticamente
concluído, faltando apenas aprovar algumas leis, dentre as quais a
Lei sobre a Institucionalização das Autarquias Locais. O Executivo
reitera o seu compromisso de institucionalização das autarquias
locais e saúda o legislador ordinário por ter aprovado a legislação
autárquica por consenso, o que demonstra o compromisso de
todos, independentemente da cor partidária, em concretizar o
princípio da aproximação dos serviços públicos às populações
através de entes politicamente autónomos.
O Executivo compreende que as carências em infra-estruturas
para as futuras autarquias locais devem ser resolvidas. Por
isso, sabendo que uma das principais dificuldades que vários
municípios vivem é a fixação de quadros no seu território,
sobretudo aqueles municípios das localidades mais recônditas,
com recursos do PIIM está em curso a construção de complexos
residenciais em 36 municípios, bem como a construção de 35
assembleias para as autarquias locais.
O Executivo desenvolveu uma ampla consulta pública sobre a
possível alteração da divisão político-administrativa de algumas
províncias do país. A consulta decorreu no formato presencial
e virtual, trabalho que vai continuar de modo a dinamizar a
acção governativa, proceder a uma distribuição mais justa e
equilibrada do território nacional e promover o desenvolvimento
económico e social harmonioso do país.
Vamos privilegiar a elevação de mais comunas e distritos urbanos
à categoria de municípios, dotando-os dos meios e dos recursos
necessários à satisfação das necessidades da colectividade. Em
relação às províncias e porque este exercício implica recursos
financeiros avultados, vamos priorizar, numa primeira fase,
a alteração da divisão político-administrativa das províncias
de maior extensão territorial, tais como o Moxico e o Cuando
Cubango.
MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES
No domínio da ordem interna, vamos continuar a combater
a criminalidade e a delinquência, prevenir e combater a
ocorrência de ameaças à segurança nacional, com destaque
para o terrorismo, a criminalidade informática e económica
transnacional e a pirataria, bem como realizar acções eficazes
visando a prevenção e o combate à criminalidade violenta e a
delinquência, o vandalismo de bens públicos e privados.
Precisamos de investir muito mais em meios e no Homem para
elevar o sentimento de segurança das populações, nomeadamente
por via de um patrulhamento eficiente, uma investigação
competente dos crimes e uma resposta rápida às ocorrências
criminais. Vamos continuar a admitir e a formar efectivos dos
Órgãos do Ministério do Interior destinados ao reforço da
prevenção e combate à criminalidade e à delinquência, a guarda
e reintegração dos reclusos, a protecção e controlo migratório
e o socorro das populações bem como a prevenção e controlo
da sinistralidade.
Vamos continuar a garantir a presença das forças policiais para o
controlo migratório nas fronteiras terrestres, marítimas e lacustres
do país, bem como adoptar medidas migratórias destinadas à
prevenção, repressão e punição da imigração ilegal, ao tráfico
de pessoas, em especial de mulheres e crianças, melhorar a
emissão dos actos migratórios e adoptar documentos de viagens
electrónicos, com vista a simplificar a mobilidade das pessoas.
No Sector da Defesa Nacional e dos Veteranos da Pátria, vamos
intensificar e massificar a formação contínua dos militares para
propiciar a profissionalização das armas e serviços, continuar a
mobilizar investimentos para assegurar o desenvolvimento da
indústria militar, com vista a aumentar os níveis de produção
já alcançados nos domínios da produção agro-pecuária e de
fabrico de fardamentos e calçado, garantindo a autosuficiência
das FAA nestes domínios, e vamos expandir a curto e médio
prazos os programas de reparação geral e modernização de
armamento e técnica e a produção de meios e equipamentos
militares de alta qualidade, continuar a implementação dos
projectos do Plano de Negócios do Instituto de Segurança Social
das FAA, criando fontes alternativas de recursos ao OGE, para a
melhoria das condições de assistência dos oficiais reformados.
SENHORES DEPUTADOS,
ANGOLANAS E ANGOLANOS,
Dedicaremos uma atenção particular à vertente económica
da nossa diplomacia. Sendo esta uma das suas prioridades,
o Executivo angolano tem trabalhado na consolidação das
condições que permitam o nosso país continuar a tirar proveito
de uma cooperação internacional dinâmica, diversificada e eficaz
com os mais variados países com os quais temos uma relação
de interesse estratégico.
A abertura de novas Representações Diplomáticas e Consulares
concorre precisamente para a materialização deste nosso desejo
de reposicionamento no continente africano e de aproximação
a regiões do mundo internacionalmente reconhecidas pelo seu
forte potencial político e económico.
Outro eixo importante da nossa acção diplomática será o de
continuar o nosso compromisso com a melhoria da situação de
paz e segurança em África. Continuaremos a desempenhar este
papel activo em todas as organizações internacionais e regionais
de que somos membros, com destaque para a Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Comunidade para
o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Comunidade
Económica dos Estados da África Central (CEEAC), a Conferência
Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGIL), a União
Africana e a Organização das Nações Unidas.
No plano internacional, verificamos que o actual conflito entre
a Federação Russa e a Ucrânia tem trazido consequências
económicas mundiais muito graves, que têm afectado seriamente
a dinâmica e as perspectivas de crescimento dos vários países
do mundo.
Com efeito, somos todos vítimas em maior ou menor grau desta
guerra que eclodiu em plena Europa. Preocupa-nos sobremaneira
o número elevado de vítimas humanas, de deslocados
e refugiados, de destruição de importantes infra-estruturas
industriais e sociais, assim como de património cultural.
Perante esta situação, em pleno alinhamento com o princípio de
não-indiferença contido no Acto Constitutivo da União Africana,
a República de Angola vai continuar a reiterar o seu apelo para
a cessação imediata da guerra e a exortar as partes a privilegiar
o recurso ao diálogo para a resolução pacífica e definitiva deste
conflito com fortes tendências de se tornar mundial.
À luz destes elementos e outros não menos importantes, aproveito
esta tribuna solene para reafirmar o compromisso da República
de Angola com o multilateralismo, sendo que este representa
uma das vias mais seguras para a promoção de plataformas de
diálogo em que cada Nação possa dar o seu contributo, evitando
assim as tentações cada vez mais presentes que consistem em
redesenhar uma espécie de configuração bipolar do mundo.
Nesta mesma senda, realçamos que o nosso país vai albergar,
de 6 a 10 de Dezembro próximo, a Décima Cimeira dos Chefes
de Estado e de Governo da Organização dos Estados de África,
Pacífico e Caraíbas (OEACP), sob o lema “Três Continentes,
Três Oceanos, Um Destino Comum: Construir uma OEACP
Resiliente e Durável”.
Este evento de elevada importância marcará a assunção pela
República de Angola da Presidência rotativa da referida Organização,
colocando o nosso país perante os holofotes internacionais,
pelo que apelamos a um empenho colectivo, convidando a
colaboração dos mais variados estratos da sociedade, para
fazermos deste evento internacional que vamos albergar uma
festa de todos.
SENHORES DEPUTADOS,
CAROS COMPATRIOTAS,
Não quero terminar o meu primeiro pronunciamento na
5.ª Legislatura da Assembleia Nacional sem antes felicitar a
Senhora Presidente da Assembleia Nacional, Dr.ª Carolina
Cerqueira, pela sua eleição histórica como primeira mulher a
liderar o Parlamento angolano, não pelo simples facto de ser
uma mulher, mas pelo mérito do seu percurso profissional e de
serviço à Pátria, que reconhecemos.
Ao felicitar Vossa Excelência, estamos a felicitar todas as angolanas
e angolanos que, tal como nós, erguem bem alto a bandeira da
igualdade do género, pois acreditamos que homens e mulheres,
independentemente do seu género, devem ser valorizados
pelo seu mérito e podem assim alcançar qualquer patamar na
sociedade de acordo com este critério.
Endereço também uma saudação especial e felicito vivamente
a nossa selecção nacional de futebol para amputados, pelo
excelente desempenho demonstrado no decurso do campeonato
mundial desta modalidade desportiva que decorreu
recentemente na Turquia, com a conquista da medalha de
prata pela nossa selecção. Esta é mais uma demonstração da
força, da determinação e da tenacidade dos jovens angolanos
e do nosso povo.
Caros Compatriotas, a Angola que todos nós aspiramos é uma
Angola de paz, de progresso e de prosperidade para todos.
É por esta Angola que nos encontramos aqui hoje e é por ela
que acredito que vamos continuar a trabalhar unidos, Executivo
e Assembleia Nacional.
Governantes, deputados de todas as bancadas e cores partidárias,
representantes da sociedade civil, povo angolano!
Assumamos todos a responsabilidade de trabalhar e contribuir
para o bem-estar dos angolanos, para o desenvolvimento
económico e social e o engrandecimento do nosso país – Angola.
Muito Obrigado pela Vossa Atenção.