DISCURSO DIRECTO, EDIÇÃO DE 23 DE ABRIL DE 2025

Em uma entrevista concedida diretamente de Roma, o Padre Adriano Elias, conhecido como Padre Nito, sacerdote angolano e pároco da paróquia Nossa Senhora de La Salette, refletiu sobre a morte do Papa Francisco e os caminhos da Igreja Católica sob seu pontificado.

Natural de Benguela, Angola, Padre Nito destacou sua trajetória missionária que o levou de Angola à Itália, onde se tornou o único pároco angolano em Roma, uma exceção permitida devido à cobertura da Santa Sé. Nomeado pelo próprio Papa Francisco, ele descreveu momentos marcantes de convivência e encontros com o pontífice, ressaltando a simplicidade e o espírito pastoral do Papa.

A entrevista ocorreu no contexto das exéquias de Francisco, que expressamente pediu um funeral modesto e será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior — local onde também está enterrado o angolano António Vunda, o primeiro embaixador africano junto à Santa Sé. Padre Nito destacou o simbolismo desse gesto, alinhado ao perfil humilde e ecológico do Papa.

Padre Nito considera que Francisco conseguiu reformar a Igreja em direção à simplicidade, ao ecumenismo e à inclusão da mulher, ainda que certos avanços, como a ordenação feminina e o fim do celibato, encontrem obstáculos históricos e doutrinais. Defendeu que a transformação na Igreja exige tempo, colegialidade e mudanças estruturais de base.

Ao encerrar, expressou seu amor por Angola e o desejo de regressar ao país, embora se mantenha disponível à missão que a Igreja lhe confiar.

“Angola está no coração”, declarou emocionado.