Crónicas do Otchinhelo: Deixem as crianças brincarem
Para mim que todas as segundas-feiras olho no retrovisor da informção, em busca de notícias de carácter social para fazer esses rabiscos, a produção informativa da semana passada não sorriu.
Confesso que, não foi fácil escrever esse mugimbo, já que, a nossa linha editorial tem um pendor social e olhando para a semana passada, é praticamente impossível não falar de política.
Assistimos a investidura do Presidente João Lourenço, com uma ponta final da cerimónia que arrebatou os corações dos angolanos! Tenho certeza que, o abanar das azas do Boeng da TAAG, vai ficar para sempre nas nossas mentes!
Vi crianças profundamente maravilhadas, e adultos com a pele arrepiada e até com lágrimas quando os três caças da Força Arérea riscaram os céus de Luanda com as cores da bandeira Nacional: o vermelho, preto e amarelo.
Como dizia, a semana passada foi fértil em assuntos políticos. Muitos que criticavam o salário dos deputados nas redes sociais, ironicamente tomaram posse como parlamentares.
Na presidencia da Assembleia, o género mudou. Carolina Cerqueira agora é a dona do martelo.
Antes mesmo da sessão parlamentar ter terminado, nas redes sociais já circulavam os nomes dos Mwatas que vão comandar os ministérios e os Nguvulos que vão gerir as províncias. Luanda parece que vai ter mais tecnologias!
E finalmente, Manguxi!
Neste seu centenário foram muitas as homenagens, e nós RNA não ficamos atrás nessas celebrações, foram muitas reportagens sobre a vida e obra do Kilamba.
O ponto mais alto será no TOP DOS MAIS QUERIDOS, onde o foco não será o prémio, e sim, Agostinho Neto!
Mas, o que tudo isso tem a ver com o sorriso das crianças?
A vida e o futuro das crianças depende de como os três poderes as encaram. O silêncio desses três poderes diante da onda de assassinatos e violações sexuais a crianças que ocorrem todos os dias em Angola, me fazem apelar a esses poderes, agora representados por mais mulheres a não fingirem que não ouvem essas notícias.
É preciso dizer basta a violação sexual de crianças, algumas de tão tenra idade que chegaram mesmo a morrer depois desses actos macabros, com os criminosos a passearem-se pelas ruas, a palitar os dentes enquanto montam armadilhas para próximas vítimas, sejam elas filhas suas, de vizinhos ou alunas!
Esse silêncio cadavérico dos três poderes sobre essa chaga social, a das violações sexuais a crianças, que tem estado a desestruturar várias famílias, me fazem sussurrar nos ouvidos das mamãs que estão a ser muito elogiadas pelos cargos: essas crianças gritam aos anjos por socorro.
Atiro uma última pedra ao charco:
– Nessa nova República, você, sim, você, seja um cidadão comprometido com o desenvolvimento, dê o seu melhor onde quer que trabalhe, respeite as autoridades, aposte no empreendedorismo, seja um activo na família e na sociedade, só assim, sim, só assim, Angola será um país melhor, onde as crianças possam sorrir, não importa o município ou aldeia onde estejam!