Chegamos ao ponto que eu enquanto estudioso das matérias ligadas aos processos educativos mais temia:

– A ciência cair na rua, e a multidão arrancar pedaços seus e transforma-los em verdades absolutas para formar pensamentos e ideias sobre um tema social como se de conversa de bar se tratasse.

Assisto com muita tristeza o resmungo coletivo, com explosões de histeria social nos MEDIA a suposta pertença étnica dos cabelos das pessoas de raça negra no ambiente escolar.

E sem querer fazer acusações, temos aqui outro problema, o de um adulto que, supostamente, mesmo sabendo da existência dessa regra, ainda assim matriculou o filho que, ficou sujeito a um constrangimento, numa clara violação do oitavo e nono compromissos da criança.

Por isso, a questão não deve ser só se outra criança com a cor da pele diferente era permitida a assistir as aulas, há aqui também uma clara negligência por parte daquele pai ou mãe.

Vou mais longe, o INAC deve se posicionar sobre o facto daquela mãe ter filmado o filho menor de idade e colocado nas redes sociais. Aquela criança pode vir a ter constrangimentos no futuro por causa desse vídeo.

Vale lembrar que, se a regra do colégio é não usar cabelo longo, o facto de outra criança usar não dá o direito de se violar essa regra, senão todos nós optaríamos em adquirir riqueza da forma como Lussaty e outros adquiriram.

 É também grave, comparrarem crianças com adultos, como estão a fazer com duas das nossas ministras. Sabiam que isso é uma violação dos direitos da criança? Perguntem ao Nestor Goubel se em matéria de crime o tratamento que se dá a uma criança que tenha cometido um acto infraccionário, é o mesmo que se dá a um adulto.

Para piorar o Ministérioda Educação e a Provedoria de Justiça fizeram sair um documento apressadamente que, o meu kota Wayenga Xito diria, “falou só, mas não disse nada”!

Está claro nesses documentos que essas instituições pensaram que esse é um problema a ser resolvido pelo gabinete jurídico, e não é. Pedagógos, psicólogos, antropologos e outros deviam ser ouvidos.

Não era para isso que Teta Lando cantou a negra de carapinha dura.

Meus senhores, mais do que a suposta pertença ao cachiado e todos outros adjectivos que estão a colar ao cabelo, os alunos precisam aprender que na vida existem regras.

Sim, mais do que falar de racismo ou discriminação, precisamos pensar na perspectiva da obediência as regras. As crianças precisam, sim, saber que a vida não é o tik tok.

Atiro uma última pedra ao charco:

Será que alguém teve o cuidado de ler algum livro ou artigo científico que trata do assunto?  Essa pergunta vai também para os jornalistas que por desconhecimento, embaceiam ainda mais a visão social sobre esse assunto.

A continuarmos com essa negligência científica na abordagem de temas sociais, eu que vou querer viver em Espanha!

José Otchinhelo

   (03.10.2022)