Café da Manhã com Reverenda Esperança Ilda Chitunda Valerio
Café da Manhã com Reverenda Esperança Ilda Chitunda Valerio.
Ilda Valério: Uma mulher entregue às causas de Deus e da sociedade
As mulheres devem viver sempre felizes, independentemente daquilo que se tem ou não, defendeu a pastora da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA), em Benguela, Ilda Valério. Para ela, a mulher tem que se sentir bem.
Explicou que foi casada e viveu bem com o reverendo Estévão Cassinda de Almeida (em memória), relação que gerou oito filhos e 13 netos.
O importante, disse, é ter Jesus nas nossas vidas, porque ele mesmo declarou que veio para que tenhamos vida em abundância. A vida com Jesus, garantiu, é de felicidade.Aconselhou as mulheres a aceitarem Jesus como mestre, salvador e pertencer a uma igreja, desde que fale de Deus, o criador, o Mestre e o Salvador, que, também, cura.
As mulheres, defendeu a reverenda Ilda Valério, devem conservar os seus lares, cuidar os bens dos maridos, como uma responsabilidade divina que se recebeu.
Consagrada primeira pastora em Angola
Consagrada desde 9 de Junho de 1974, no templo do Instituto Curie, na Missão do Dondi, no Huambo, Ilda Valério, de 76 anos, foi a primeira pastora da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA).
Actualmente, a pastorear o pastorado de Cassoco, em Benguela, tem sob sua responsabilidade as igrejas de Emauchi, bairro da Goa, e Boa Esperança (Camponte City), arredores da terra das Acácias Rubras.
Já exerceu funções de pastora na Missão do Cuito (Bié) e Huambo. Professora de profissão, Ilda Valerio já deu aulas em escolas do II e III níveis. Cita, como exemplos, a Escola 314, na cidade do Cuito, Bié, e a Escola Ndala Candumbo e o Liceu do Huambo.
Filha de um camponês que viria a ser elevado à evangelista com ordens sacras, a sua história, disse, é longa.
A IECA, conta, até 1974, só tinha pastores e a selecção de uma menina para estudar Teologia no Seminário era novidade para a comunidade cristã que indicava jovens para o efeito, onde o nível de escolaridade era tido em conta pelo Seminário Manuel Unido (uma união entre a Igreja Metodista e a IECA), que preparava pastores.
Nascida a 8 de Julho de 1946, no município do Andulo, província do Bié, pelo seu contributo na vida pastoral, a reverenda Ilda Valério foi, por diversas vezes, homenageada como mulher de mérito, pelo Governo Provincial de Benguela e em Luanda. Por algumas ocasiões já lhe foi, inclusive, atribuído o título de diva do povo.
Confessou que sente-se honrada e grata a Deus e às pessoas que consideram a sua vida religiosa como influenciadora de boas práticas e acções positivas a outras mulheres.
“A nossa Igreja também mandava meninas para serem educadoras cristãs (uma profissão equiparada a uma professora cristã)”, disse, acrescentando que, “a Igreja, também, seleccionou-me e fui recomendada para ser formada pela Escola de Teologia como educadora cristã, no Seminário Emanuel Unido, na Missão do Dondi”.
Explicou que a formação para educadora cristã era de três anos, diferente da de Teologia, que exigia quatro anos e, seguidamente, o estágio.
Conta que, quando o grupo terminou os três anos, para receber diplomas, a direcção da escola “chamou-me para me dizer que ia terminar, mas, continuaria na turma dos rapazes, em virtude de ter havido um projecto-piloto de formar uma jovem mulher para ser consagrada ao Santo Ministério”.
Confessou que nunca pensou que naquela altura uma mulher poderia ser, também, pastora.Acrescentou que, no fim da formação, depois do estágio, aconteceu a consagração e pela primeira vez a Igreja consagrou uma mulher pastora.
“Fui a primeira pastora angolana e o ganho foi uma grande alegria para a família e para a própria igreja”, recorda, frisando que, o sentimento é de muita felicidade e de gratidão eterna à Deus, já que, seguidamente, a igreja, enalteceu, foi consagrando mais mulheres, o que permite, hoje, conferir um número maior de pastoras, apesar de, ainda, estar abaixo do de homens. Já existem 40 pastoras da IECA.