Café da Manhã com Embaixador da Rússia em angola Vladimir Tararov

Café da Manhã com Embaixador da Rússia em angola Vladimir Tararov.

O cerco sobre a Rússia aumenta no capítulo da diplomacia com vários Estados a aplicar sanções, bem como a multiplicação de comunicados contra o País. A União Europeia fecha portas para qualquer tipo de diálogo com embaixadores russos. Por cá, a sua representação manifesta-se satisfeita face à postura de Luanda, e repudia a UNITA.

A Ucrânia, fortemente «fustigada», agradece o apoio de alguns Estados africanos. O embaixador da Federação russa em Angola, Vladimir Tararov, considera que a posição de Angola manifestada em comunicado sobre o conflito militar que opõe Moscovo e Kiev foi equilibrada e que, na perspectiva do diplomata, espelha bem a «veia» angolana de paz e concórdia. “Angola não quer tomar uma parte nem outra, por isso que sempre apela à paz, às negociações e ao cessar-fogo.

Para nós, isso é muito bom. Os outros apelam ao castigo da Rússia, não se fala em apaziguamento, mas Angola esta mesmo numa fila dos países que apaziguam, que apelam a todas as partes, quer à Rússia, quer à Ucrânia, para o cessar-fogo”, destaca o embaixador Vladimir Tararov.

Entre outras coisas, o diplomata russo recorda as relações antigas que o seu país mantém com Angola e faz saber que a Federação vai aumentar o nível de relacionamento que, segundo o mesmo, reduziu um “bocado” com a queda da União Soviética. Além do relacionamento político, Vladimir Tararov diz que, no campo da economia, a parceria com Luanda também está a crescer, e refere que as trocas comerciais entre os dois Estados já andam à volta dos 200 milhões de dólares ano.

Entretanto, o diplomata lança fortes críticas à UNITA, maior partido na oposição angolana, pelo facto de o «galo negro» ter proposto na sessão de quarta-feira, 02, da Assembleia Nacional, uma discussão e aprovação de um “voto de protesto contra a invasão russa” à Ucrânia.

Na nota, a UNITA diz que a Assembleia Nacional deve “repudiar e condenar a invasão da República da Ucrânia e as violações aos compromissos internacionais sobre a defesa, promoção da paz e segurança internacional”, bem como “condenar a invasão à República da Ucrânia, estado soberano e independente, pelas forças armadas da Federação russa em violação à integridade territorial, ao direito à autodeterminação e livre escolha de alianças”, lê-se na proposta da UNITA.

Para Vladimir Tararov, a sugestão do maior partido na oposição em Angola é ridícula. “A UNITA apresenta um projecto de condenação contra a guerra da Rússia! Ela fala o que não sabe. A UNITA quer mostrar que está com o Ocidente, os ditos países civilizados, e não é que ela [UNITA] seja civilizada. O que a UNITA está a fazer é chantagem, porque quer obter vantagens no quadro das eleições, mas não é assim que se faz”, critica.

Vladimir Tararov justifica a invasão russa à Ucrânia não só como uma medida de prevenção de guerras futuras mas também como forma de proteger as populações de Donetsk e Luhansk, que, de acordo com o diplomata, têm sido alvo de actos de genocídio por parte da Ucrânia.

Tararov fala também de haver violações do acordo, embora verbal, que a Rússia manteve com o Ocidente, aquando da queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), para a não extensão da NATO nos países que faziam parte do bloco. “Mas temos vindo a registar a entrada na NATO de países que eram parte da União Soviética, como a Polónia, a Estónia e outros.

Nunca a Rússia tentou chamar essas repúblicas para a tal chamada União Soviética nova, mas o Ocidente, já na véspera da queda da União Soviética, começou a preparar a tal chamada dois cintos, um cinto de segurança, isso é: são os Países que foram socialistas depois da Segunda Guerra Mundial, e quando a União Soviética deixou de existir, eles logo passaram para o modo Ocidental, e passaram a reforçar este cinto, um anel em volta da Rússia”, refere.

No presente conflito militar, o diplomata russo admite haver baixas russas, cuja contabilidade aleatória aponta para 300 soldados. Nega que os russos estejam a atingir alvos civis, e diz que são as polícias de Donetsk e Luhansk quem estão a combater directamente as tropas ucranianas, sendo que o contingente militar da Federação russa tem servido como força de asseguramento, que, com “armamento de alta precisão, tem eliminado stocks de armamentos de Kiev, paióis e fábricas de produção de armamento”. E neste particular, conta o embaixador, a força russa identificou e eliminou pouco mais de 13 laboratórios biológicos, que a Federação acredita terem sido financiados pelo Ocidente.

“Nestes laboratórios estavam a ser fabricadas armas biológicas que provocam raiva aérea, que, segundo a explicação de técnicos, são armas capazes de transmitir efeitos muito mais do que a Covid-19”, conta Vladimir Tararov.

Data de Emissão: 23-05-2023 às 07:00
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