A CORRIDA PELA CAMANGA DO SÉCULO XXI
A CORRIDA PELA CAMANGA DO SÉCULO XXI
A corrida pelo ouro, produziu fenómenos sociais, inspirou filmes, enriqueceu e empobreceu milhares de pessoas nas realidades americana e brasileira.
Entretanto, mesmo tendo esse minério, não há registo de uma tal “grande corrida” pelo ouro, entre nós! Talvez apenas uns poucos angolanos conhecem bem bem, onde se encontram as tais jazidas, e por isso, se tombolam entre eles, sem mexer as águas como bagres que se confundem com o fundo dos rios, por isso, nunca vistos.
Se é para correr atrás, nós gostamos mbora de coisas brilhantes, quer seja de dia, quer seja de noite. Portantoo, quem está já a pensar nos coitados dos pirilampos, que nem sei aonde foram parar, é melhor esquecer, gostamos mesmo de outra coisa que brilha, a camanga.
Mas, também essa tal camanga, nunca foi para todos, muitos que nos anos 80 e 90, correreram para as terras de Samayonga em busca dessa pedra preciosa, fizeram muitos sacrifícios, alguns foram mesmo engolidos pelos próprios buracos que cavavam, outros passaram fome, sede e sol, cavaram, cavaram, e continuaram a cavar, mas nunca tiveram jabaculé de verdade!
Os que conseguiram as tais kipedras que lhes fez ficar ricos, a maioria deles hoje em dia, estão mesmo só já a chupar o dedo das lembranças de quando “dinheiro era capim”. Os carros, as casas, as damas e outros mambos de valor que acumularam com os dinheiros dos diamantes, evaporaram, tipo mbora é dinheiro roubado.
Epáh, as Lundas têm poder! Quem ainda está rico com o dinheiro dos diamantes dos anos 80 e 90, é Homem! Respeito!
Mas não é dessa camanga que vos quero falar. Quero falar-vos da camanga do Século XXI… a corrida pelos diplomas universitários.
Muitos patrícios parecem animais esfomeados atrás de um diploma universitário. Quando se acabou com o bacharelato, vi gente a chorar amargamente nas casas de banho das instituições onde trabalham.
Essa busca insaciável pelos diplomas, deu a falça ideia a muitos jovens e não só, que basta ter o tal documento, que em muitos casos, se tornou maldito, para se ter um emprego ou boa remuneração!
De qualquer modo, essa corrida pelos diplomas, fez parir TRÊS fenómenos:
O primeiro, o surgimemto de todo tipo de instituições de ensino superior. No virar de cada esquina, no beco (construidas de bloco, de chapas, com vários andares ou um quarto e sala), com um quadro docente formado pelo pai, filhos, esposa e até o cão lá de casa. Enfim! O que se assite hoje, é a institucionalização do “CANAL ou KIKOLO” no ensino superior, onde a venda de fasciculos parece ser mais importante do que a construção de conhecimentos.
O segundo fenómeno, é a péssima qualidade de quadros formados. Vivemos uma ilusão de números, sobre a formação ao nível do ensino superior, não é em vão que muitos kotas nos dão mixoxo, nos olham de lado e dizem que com a 4ª Classe deles, escreviam e liam bem!
Eu próprio fui vítima desses licenciados que vêm o diploma universitário como verdadeira camanga. Quando o meu computador simplesmente apagou TRÊS desses tais transpiraram e xixilaram bué sem me resolverem o problema, antes que os nervos me subissem a cabeça, fui ao mercado dos Congoleses, em menos de TRINTA minutos, o computador tinha ressuscitado com todos os arquivos intactos. Afinal, aqueles engenheiros estudaram só bué para quê? O mesmo se pode dizer de outras áreas profissionais, e quando o assunto é saúde, o paciente não para de fazer orações porque nunca se sabe, se o tal, ao invéz de estudar a sério, era mbora um desbundeiro!
Não precisam fazer chover canivetes porque não há aqui generalizações, nem estou preocupado se a carapuça serviu.
Mas, se um dia a PGR fizer uma rusga nos Repositórios das universidades a procura de plágios, muitos estudantes, professores e reitores não vão apanhar sono por muitos dias. Ou seja, precisamos olhar criticamente para a produção científica ao nível das universidades, só assim, esses indivíduos saídos das universidades, poderão ser capazes de dar soluções as chagas sociais do nosso tempo.
Tenho fé que um dia o meu sonho de criança venha a se realizar, que os funcionários ganhem pelas competências e não pelo diploma.
No meu Golfe diriam é “falha grande”, um incopetente, as vezes até sem conhecimentos básicos ter o mesmo salário que o competente só porque está na função pública e com um diploma!
Portanto, no fim das contas, temos só bué de diplomas quase para nada, essa corrida pela camanga do Século XXI, é mesmo tipo a dos diamantes, ter um diploma hoje, não é sinónimo de desenvolvimento pessoal e social!
O tereciro fenómeno da proliferação das universidades fica para uma próxima crónica.
Mas, uma coisa é certa, essa apetência pelos diplomas só para subir o salário, está a custar mais caro ao Executivo e as famílias!
JOSÉ OTCHINHELO
(14.09.2021)