Filho de Sebastião Manuel e de Beatriz Adão, José Manuel Pedrinho nasceu na sanzala de Kingongo, Icolo e Bengo, no dia 01 de Outubro de 1954.
Pedrito iniciou a sua estreia musical no Ngola Cine, no dia 24 de Dezembro de 1969, numa das sessões do “Dia do Trabalhador”, em espectáculo acompanhado pelo agrupamento Ngola Jazz. Pertenceu ao coro da Igreja São Domingos, em 1973, altura em que foi convidado a integrar o célebre trio “Gambuzinos”, em substituição da guitarra de Filipe Vieira Lopes, com Dualy Jair (guitarra), Freitas Sebastião (pandeireta). Pedrito diz ter sido influenciado pelos cantores brasileiros Lindomar Castilho e Agnaldo Timóteo, e acusa proximidade estética com o cantor e compositor angolano, Luís Visconde.
Embora a totalidade das línguas nacionais ocupem uma percentagem de grande magnitude simbólica na origem, formação e contemporaneidade da Música Popular Angolana, o uso da língua portuguesa não foi menos importante, constituindo um dos recursos de expressão artística de prestigiados compositores, ao longo da história da composição de canções angolanas.
Pedrito, para além de dominar com perfeição o kimbundo, reutilizou com enorme sucesso as possibilidades criativas da língua portuguesa, ao longo do processo de criação da sua obra, compondo canções que revelam a intimidade passional, em “Leonor”, reflexões de natureza existencial, com “Farrapo triste”, canção da autoria do cantor e compositor, Zé do Pau (1950-2017), temáticas de conteúdo religioso, “Cântico à Bíblia”, passando pela valorização da tradição, em “Banda mulundu”, vejamos o texto, Banda mulundu/ Ué mamã dilenu/ muetukenehenda/ Uángixisangiubeka/ Tala monamiiódiló. (canção tradicional que relata o comportamento de uma mãe irresponsável que abandona o lar e o filho, privilegiando a rua e o entretenimento).
Política
Pedrito desempenhou um importante papel no período áureo da canção política (1974-1976), tendo interpretado de forma magistral, uma das canções mais representativas da época em homenagem ao Comandante Gika, herói do MPLA morto em Cabinda, Partiste comandante/ para as fileiras da glória/ deixaste escrito o teu nome/ na história mártir de Angola// Na sombra da nossa bandeira/no coração dos oprimidos/ serás sempre lembrado/ saudoso comandante// Quando os ventos da opressão/nos quiserem um dia sufocar/teu nome levado em memória/ será a força que nos levará à vitória.
Digressões
Pedrito efectuou a sua primeira digressão artística internacional, em 1982, por seis países do leste da Europa e Portugal, com o conjunto musical “Jovens do Prenda”. Em Janeiro de 1983, deslocou-se ao Brasil com o grupo “Semba Tropical”, integrado no projecto “Canto Livre de Angola”. Ainda em 1982, viajou com destino a Londres, onde participou em dois espectáculos, que resultaram na gravação do LP “Semba Tropical in London”, um projecto patrocinado pelo empresário e músico moçambicano Abdul Zobaida. Em 1988, voltou a fazer uma digressão ainda com os “Jovens do Prenda”, percorrendo Portugal, França, Inglaterra e Escócia. Neste último país participou no grande espectáculo de solidariedade a favor da libertação de Nelson Mandela.
Distinções
Pedrito venceu o primeiro lugar do “Top dos mais queridos” no dia cinco de Outubro de 1982, realizado pela Rádio Nacional de Angola, repetindo o feito nas edições de 1984 e 1986, tendo conquistado duas vezes o segundo lugar. As várias premiações no “Top dos mais queridos”, valeram-lhe a distinção com três diplomas de mérito, no dia cinco de Outubro de 2012, num acto que assinalou a homenagem aos vencedores do “Top dos mais queridos” ao longo dos trinta anos de existência.
Homenagem
Os cantores e compositores, Pedrito e Robertinho, foram convidados para participar, em Março de 2012, num concerto em homenagem às mulheres angolanas, no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, em Luanda, no âmbito do programa Muzongué da Tradição, numa edição que recordou o importante contributo dado pelas vozes femininas na história da Música Popular Angolana, com destaque para as cantoras, Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem. Participaram na homenagem às cantoras, São Van-Dúnem, Claudeth Tchizungo, e os cantores, Orlando Loy e Augusto Chacaia, que foram acompanhados pela Banda Chamavo.