Economia Sem Makas: A redução da taxa básica BNA em meio ponto percentual de 20 para 19,50%

Comunicado do Comité de Política Monetária
Considerando a consistência do abrandamento da evolução de preços na economia nacional, particularmente desde o início do ano em curso, como resultado do contínuo e rigoroso controlo da liquidez, da apreciação do kwanza em relação às principais moedas utilizadas nas transacções com o exterior e do aumento da oferta de bens essenciais de amplo consumo, o Banco Nacional de Angola entende estarem reunidas condições para a redução da taxa de juro directora.

 
Assim, o Comité de Política Monetária decidiu: 
 
Reduzir a Taxa Básica de Juro de 20% para 19,50%;
 
Reduzir taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 23% para 21%;
Manter inalterada a taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 15%. 
 
Além do ambiente interno, a decisão tomada teve em consideração o contexto externo e riscos inerentes, dada a exposição da economia angolana ao sector petrolífero e ao peso dos bens alimentares importados no cabaz de oferta ao mercado interno. O Banco Nacional de Angola continuará a acompanhar de perto os desenvolvimentos internacionais mais impactantes sobre a nossa economia, de modo a poder actuar atempadamente caso a evolução justifique.  
 
A nível global, a larga maioria das economias continua a observar taxas de inflação elevadas, provocadas pelo conjunto de medidas tomadas para contrariar os efeitos da pandemia da Covid-19 e pelo choque negativo dos preços dos combustíveis e dos alimentos, em consequência de um contexto internacional influenciado pelo conflito militar no leste europeu. 
 
Face a esta situação, os bancos centrais têm vindo a optar por políticas monetárias com sentido contracionista, operacionalizadas principalmente através do aumento continuado das taxas de juro de referência.
 
No plano nacional, os fundamentos macroeconómicos continuam animadores.
O sector externo da economia tem vindo a beneficiar da melhoria dos termos de troca, com a conta de bens a registar um saldo superavitário de 23,3 mil milhões de dólares norte-americanos em termos acumulados até Agosto de 2022, um aumento de 78,5% comparativamente a igual período de 2021. Este desempenho positivo reflecte o aumento do valor das exportações em 67,8% que excedeu o crescimento de 49,2% observado nas importações. 
 
As projecções do sector externo para os restantes meses do ano em curso mantêm-se positivas, não obstante a previsão de pressão em baixa do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais, dadas as expectativas de abrandamento do ritmo de crescimento das principais economias mundiais.
 
As Reservas Internacionais, no final do mês de Agosto, situaram-se em 13,8 mil milhões de dólares norte-americanos, o que se traduz numa cobertura de cerca de 7 meses de importações de bens e serviços.
 
No sector real, os dados sobre o emprego e o clima de confiança dos gestores e empresários, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes ao segundo trimestre de 2022, evidenciam a consolidação do crescimento da actividade económica. O desemprego reduziu pelo terceiro trimestre consecutivo, atingindo uma taxa de 30,2%, abaixo da registada no mesmo período do ano transacto que foi de 31,6%, ao passo que a confiança dos gestores e empresários do sector não financeiro relativamente à evolução da economia nacional no curto prazo se mostrou optimista.
 
Não obstante as incertezas sobre a economia internacional e potencial impacto sobre a economia nacional, a perspectiva do crescimento da actividade económica no país é positiva, tanto para último trimestre do corrente ano, como para 2023.
 
No que se refere à actividade financeira, comparativamente a Dezembro de 2021, destaca-se o crescimento em 7,1% do stock de crédito concedido em moeda nacional. Apesar da preocupação com o crédito mal parado que se situa em 21%.
 
No domínio monetário, a trajectória da Base Monetária em moeda nacional continua consistente com os objectivos de política monetária, tendo recuado 0,12% no mês de Agosto, correspondendo a contração no ano de 2,74%. 
 
A inflação prossegue o seu percurso de desaceleração e no mês de Agosto fixou-se em 19,8%, abaixo dos 21,4% do mês anterior e dos 26,1% do período homólogo. As classes de (i) Alimentação e bebidas não alcoólicas, (ii) Hotéis, cafés e restaurantes e de (iii) Lazer recreação e cultura foram as que mais contribuíram para a queda do ritmo de crescimento da inflação homóloga. 
 
O Comité de Política Monetária mantém a perspectiva de a taxa de inflação no final do ano em curso situar-se abaixo da previsão inicial de 18%, caminhando para o objectivo de um dígito no médio prazo.
 
A próxima reunião do Comité de Política Monetária, realizar-se-á no dia 25 de Novembro de 2022, devendo ocorrer na cidade do Uíge.

 

Data de Emissão: 27-09-2022 às 07:00
Género(s): Opinião
Tópicos(s): Cimeira do Ambiente, COP26

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