O estado da economia, edição de 09 de Setembro 2022

-Apenas 2,3 milhões de angolanos têm emprego formal no país

-Africanos têm confiança na evolução das economias

-Apenas 2,3 milhões de angolanos têm emprego formal no país

INFORMALIDADE ATINGIU OS 79,3% NO II TRIMESTRE DE 2022

A taxa de desemprego em Angola ronda os 30,2%, representando uma quebra de 1,4 pontos percentuais, face ao II trimestre de 2021, quando o indicador se fixou nos 31,6%. O fenómeno do desemprego agrava-se nos jovens entre os 15-24 anos. Em Angola, oito em cada dez trabalhadores vivem de biscates.

No final de Junho, apenas quase 2,4 milhões de angolanos tinham emprego formal, um número que contrasta com os mais de 9,0 milhões que sobrevivem na informalidade, ou os 4,9 milhões de desempregados, de acordo com cálculos do Expansão com base nos dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) no seu inquérito referente ao II trimestre de 2022 Os 2.358.728 de angolanos com emprego formal valem apenas 14% do total da população economicamente activa, 16.284.279 de pessoas, mais 608.883 que as que se encontravam nesta situação no final de Junho do ano passado.

Segundo o inquérito do INE a população empregada cresceu 6,1%, já que 11.370.798 de pessoas (+655.565) declararam que trabalharam, entre Abril e Junho, num emprego por conta de outrem, conta própria ou trabalharam num negócio familiar, durante pelo menos uma hora. Só que a maioria, 468.450 pessoas, foram obrigadas a recorrer ao mercado informal de trabalho para poder sobreviver.

Ao todo, o INE indica que a informalidade ronda os 79,3% do total da população empregada. Mas nem tudo são más noticias para o País, já que no espaço de um ano há mais 187.113 empregos formais, um sinal da recuperação económica levada a cabo desde o ano passado, quando a economia angolana saiu formalmente da recessão. Ainda assim, a economia continua incapaz de gerar os empregos formais que o País precisa.

Quanto aos desempregados, o número diminuiu entre o II trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, passando de 4.960.162 para 4.913.481, ou seja, menos 46.682 pessoas responderam que não tinham trabalho remunerado nem qualquer outro e estavam disponíveis para trabalhar no período de referência ou nos 15 dias seguintes. A taxa de desemprego fixou-se nos 30,2%, uma queda de 1,4 pontos percentuais face ao verificado no II trimestre de 2021. Nas cidades o desemprego é maior, tendo passado dos 42,6% no II trimestre de 2021 para 40,0% entre Abril e Junho de 2022, contrastando com a taxa das zonas rurais, que baixou dos 16,2% para os 14,3% no mesmo período.

Informalidade domina

Face ao número de pessoas em idade activa no país, o trabalho informal está em níveis considerados elevados e preocupantes. São várias as razões apontadas para os níveis preocupantes de emprego informal no país. E vão desde o crescimento da população a uma média de 3,1% anual, muito abaixo do crescimento da economia angolana, logo está-se a criar pobreza e desempregados ano após ano. Especialistas admitem que é preciso dinamizar o crédito para estimular as empresas a criar negócios e emprego formal.

O economista José Lopes reage aos números e explica que não é de estranhar o aumento no informal, que atinge sobretudo as mulheres (70,4% entre homens e 88,0% entre mulheres): “não há oferta de empregos formais e se existem, não são para todos”. Ironizando, afirma que nem o Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) do Ministério da Economia e Planeamento (MEP) ajudou na inversão da marcha ascendente da informalidade em Angola. “O que podemos deduzir dos dados do INE é que em cada 10 angolanos empregados, oito estão num negócio ou trabalho informal”, revela, explicando que são números que não abonam o País quando se propõe atingir os Objectivos Sustentáveis do Milénio e para o investimento estrangeiro. Por isto, sugere, no entanto, que se aumente mais a despesa pública e se amplie o crédito à economia.

A classificação do INE indica que os empregados no sector informal, na sua maioria foram trabalhadores por conta própria (49,5%), trabalhadores familiares (29,8%) e trabalhadores para o consumo próprio (12,2%), ou seja, hoje há cada vez mais angolanos a empreenderem numa actividade para sustentar as famílias, tudo porque o mercado de trabalho não tem soluções para absorver toda a população economicamente activa. A zona rural tem maior taxa de emprego informal que na área urbana, 95,0% e 65,4% respectivamente.

AFRICANOS TÊM CONFIANÇA NA EVOLUÇÃO DAS ECONOMIAS

O secretário-geral da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), Wamkele Mene, mostrou-se confiante de que em 20 ou 30 anos África poderá ser a 7ª ou 8ª maior economia do mundo.

“Se aproveitarmos o sector privado e fornecermos as condições necessárias para o sector privado, não há absolutamente razão nenhuma para que o continente africano, em 20 ou 30 anos, não possa ser tão competitivo como outros países com populações semelhantes”, disse o responsável numa intervenção no primeiro fórum de comércio e investimento entre África e as Caraíbas, que decorreu em Bridgetown, Barbados.

Ao introduzir um painel sobre o papel do sector privado no reforço da cooperação comercial entre África e as Caraíbas, Wamkele Mene disse acreditar que, se o continente usar o acordo comercial que criou a ZCLCA para trazer benefícios para o sector privado, verá a industrialização e a criação de empregos que quer ver.

Reconhecendo que África enfrenta desafios como a sobredependência das exportações de commodities primárias, a pequena dimensão das economias ou a fraca in-dustrialização, o secretário-geral disse que a ZCLCA pretende responder a essas dificuldades, pretendendo consolidar o mercado africano, de 1,3 mil milhões de pessoas e um PIB combinado de 3,4 biliões de dólares (sensivelmente o mesmo em euros).

 

 

Data de Emissão: 09-09-2022 às 09:00
Género(s): Economia
 
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