Economia sem Makas, Condecorações para Savimbi e Holden são a principal novidade do mais longo discurso sobre o Estado da Nação desde que João Lourenço assumiu a Presidência
RÁDIO MFM – ECONOMIA SEM MAKAS
Edição de 16 de Outubro de 2025
Apresentação: Manuel Vieira
Comentário: Carlos Rosado de Carvalho
Tema Central
“Condecorações para Savimbi e Holden são a principal novidade do mais longo discurso sobre o Estado da Nação desde que João Lourenço assumiu a Presidência.”
Principais Pontos da Edição
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O Discurso Presidencial:
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João Lourenço protagonizou o mais longo discurso sobre o Estado da Nação, com 19.505 palavras, cerca de 125 mil caracteres e uma duração estimada de três horas.
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Segundo Carlos Rosado de Carvalho, o Presidente ficará na história como “o homem dos grandes discursos”.
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O comentário destaca que, para além das condecorações a Jonas Savimbi e Holden Roberto, o discurso foi pouco inovador e excessivamente extenso, o que pode comprometer a atenção e eficácia da mensagem presidencial.
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As Condecorações:
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O analista sublinha a importância simbólica das distinções a Jonas Savimbi e Holden Roberto, considerando-as um gesto positivo de reconciliação nacional.
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No entanto, Rosado questiona qual a categoria das medalhas que será atribuída — Honra, Independência ou Paz e Desenvolvimento — e alerta que qualquer distinção desigual entre Agostinho Neto, Savimbi e Holden pode ser mal interpretada.
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O comentador afirma: “Não me parece que haja margem para discriminação, todos estão ao mesmo nível na luta pela independência.”
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Crítica à Narrativa do Perdão:
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Rosado discorda da ideia de “perdão presidencial”, questionando o que haveria para perdoar.
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Aponta ainda que o MPLA continua a ser colocado “acima de tudo e de todos”, o que não favorece a reconciliação nacional real.
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Economia Ignorada:
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O economista critica o facto de João Lourenço não ter abordado a situação económica no discurso.
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Recorda que, em 2024, o Presidente se mostrara otimista com um crescimento de 4,3%, mas em 2025 o crescimento caiu para 2,1% (segundo o FMI) e 2,3% (segundo o Banco Mundial).
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Rosado considera uma omissão grave a ausência de referências à fome e à pobreza, especialmente quando 42,5% dos angolanos vivem com menos de 900 kwanzas por dia, ou 16,7 milhões de pessoas.
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Nota ainda que a palavra “fome” não aparece sequer uma vez nas 19.505 palavras do discurso, e “pobreza” apenas uma vez.
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Comparações e Dados Descontextualizados:
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O comentador critica o uso de comparações históricas desajustadas, nomeadamente com 1974, sem considerar diferenças de contexto económico e monetário.
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Reforça que o discurso presidencial “puxa dos galões” mas não apresenta dados concretos sobre o sistema educativo e social, omitindo quantas pessoas continuam fora da escola ou em condições precárias.
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Conclusão de Rosado de Carvalho:
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“O discurso é longo, mas vazio em substância económica.
A principal novidade são as condecorações.
Faltou falar da fome, da pobreza e da realidade do país.” -
Ironizando, partilha uma reação recebida:
“Uma amiga disse-me: Gostava de emigrar para o país do Presidente João Lourenço.”
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