Economia sem Makas, Pergunta ao PR coloca aumentos salariais dos jornalistas nos órgãos públicos na actualidade
Economia sem Makas
📅 Edição: 15 de Agosto de 2025
🎙 Apresentação: Manuel Vieira
💬 Comentário: Carlos Rosado de Carvalho
📻 Emissora: Rádio MFM
Durante uma visita oficial, um jornalista da Emissora Católica de Angola questionou o Presidente da República sobre o aumento salarial dos jornalistas nos órgãos públicos.
A questão, feita fora do guião definido pela equipa de imprensa presidencial, causou visível desconforto em Luís Fernando, secretário para a Imprensa da Presidência, que reagiu de forma agastada.
Apesar disso, o Presidente respondeu, remetendo o assunto para o Ministro da Tutela ou outras entidades governamentais competentes.
Carlos Rosado recorda que o tema já havia sido discutido no programa, dada a relevância crescente nos últimos meses.
Segundo ele, houve uma reunião entre representantes sindicais e os Conselhos de Administração de empresas públicas e nacionalizadas de comunicação social:
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TPA – Francisco Mendes
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RNA – Pedro Neto
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Angop – José Isaías
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Grupo Média Nova – Augusto Dembo
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TV Zimbo – Naldo da Conceição
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Edições Novembro – António Samuel Eduardo
Dessa reunião resultou um acordo para aumento salarial de 58%, com retroativos a junho e implementação prevista para agosto.
No entanto, após o anúncio público do sindicato, Pedro Neto — líder das negociações — recuou, alegando que a aplicação dependia da aprovação da Ministra das Finanças, da Ministra da Tutela ou do Ministério da Comunicação Social.
Carlos Rosado de Carvalho critica a dependência política, defendendo que aumentos salariais devem ser decisões internas dos Conselhos de Administração, como acontece na Unitel, mesmo sendo controlada pelo Estado.
A interferência, explica, deve-se ao actual modelo de financiamento: os salários são pagos via Orçamento Geral do Estado (OGE), com transferências do Ministério das Finanças.
Subsídios recebidos em 2023 (mil milhões Kz):
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TPA – 10,65
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RNA – 9
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Edições Novembro – 6,4
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Angop – 4
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TV Zimbo – 3
Segundo Rosado, estes valores superam os atribuídos às empresas públicas de transportes, mesmo num cenário de greves e carência de autocarros.
Para Rosado, a dependência directa do OGE compromete a autonomia editorial das empresas públicas, tornando inevitável a influência política.
Propõe rever o modelo de financiamento, sugerindo alternativas como:
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Taxa sobre telecomunicações;
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Taxa audiovisual cobrada com a factura da electricidade (modelo usado em Portugal).
Conclusão
Carlos Rosado deixa duas mensagens finais:
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A pergunta foi legítima e saudável para a democracia, rompendo com protocolos que restringem o jornalismo.
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A autonomia de gestão salarial é essencial, e o actual modelo de financiamento prejudica a independência e qualidade da comunicação social pública.