Economia Sem Makas, Não pagamento das ordens de saque pelo MinFin desde Outubro do ano passado deixa empresas à beira de um ataque de nervos.

Economia Sem Makas, edição de 23 de Abril de 2025

TEMA: Não pagamento das ordens de saque pelo MinFin desde Outubro do ano passado deixa empresas à beira de um ataque de nervos.

Tema: Crise de Tesouraria e Falta de Pagamentos do Estado às Empresas

Comentador: Carlos Rosado de Carvalho

No programa de hoje, Carlos Rosado de Carvalho analisou a grave situação financeira do Estado angolano, especialmente o não pagamento das Ordens de Saque (SAC) pelo Ministério das Finanças desde outubro de 2024, que está a deixar empresas prestadoras de serviços públicas à beira de um colapso financeiro.

Rosado relatou que empresários, sobretudo do setor da limpeza e saúde, enfrentam mais de seis meses sem pagamentos, mesmo após emissão da ordem de saque. O cenário tornou-se tão crítico que mesmo os bancos já se recusam a antecipar fundos com base nas SAC, pois sabem que o Estado está sem liquidez.

Segundo dados apresentados, 14,5 mil milhões de kwanzas foram arrecadados em receitas em 2024, dos quais 8,4 mil milhões foram usados para pagar dívida pública, 3,2 mil milhões para salários, e 2,6 mil milhões para subsídios aos combustíveis – restando praticamente nada para outras despesas do Estado. Isto obriga o governo a recorrer a empréstimos internos, agravando o endividamento.

Carlos alertou ainda para o impacto em cadeia: o Estado não paga à Sonangol, que por sua vez não consegue pagar aos fornecedores internacionais, acumulando dívidas de mais de mil milhões de dólares. A falta de previsibilidade e transparência agrava a crise de confiança na economia.

Para contornar a situação, Rosado defendeu:

  • Melhoria da qualidade da despesa pública, com cortes em gastos supérfluos como carros de luxo e projetos não prioritários (ex: novo aeroporto);

  • Contenção de despesas desnecessárias e apresentação de um orçamento retificativo;

  • Comunicação clara por parte do governo sobre o plano de gestão da crise.

O economista deixou um alerta: “Esperemos o melhor, mas preparemo-nos para o pior”, reconhecendo que o segundo semestre de 2025 poderá ser ainda mais difícil, devido ao contexto internacional e limitações internas de financiamento.

COM: CARLOS ROSADO DE CARVALHO

Data de Emissão: 23-04-2025 às 07:10
Género(s): Economia
 

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