Café da Manhã com Cardeal Dom Alexandre do Nascimento
Alexandre do Nascimento GCC (Malanje, 1 de março de 1925 – Luanda, 28 de setembro de 2024) foi um cardeal católico angolano, arcebispo-emérito de Luanda.
Biografia
Estudou no Seminário de Bângalas, depois no Seminário de Malanje, e posteriormente no Seminário de Luanda. Em 1948, foi enviado para estudar na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde obteve o bacharelado em filosofia e a licenciatura em teologia.[1] Assim, foi ordenado padre em 20 de dezembro de 1952, por Luigi Traglia, então arcebispo-titular de Cesareia da Palestina, vice-gerente da Diocese de Roma.[1][2] Logo depois, tornou-se professor de teologia dogmática no Seminário Maior Arquidiocesano do Sagrado Coração de Jesus em Luanda e redator-chefe do jornal católico “O Apostolado”, entre os anos de 1953 e 1956.[1]
Por nomeação de Dom Moisés Alves de Pinho, exerceu a função de pregador da Sé Catedral, de 1956 a 1961, ano este em que começou a Guerra Civil Angolana. Monsenhor Manuel Joaquim Mendes das Neves o procura para conseguir apoios e financiamentos para as ações ocorridas em Luanda em fevereiro de 1961.[3]
Em função disto e de suas relações em defesa dos direitos trabalhistas e direitos humanos em Angola desde 1957, fica implicado no “Processo dos Padres”, um conjunto de decisões repressivas contra a liberdade religiosa levada a cabo pelo governo salazarista contra religiosos considerados subversivos, com vistas a intimidação e silenciamento de sacerdotes católicos e pastores protestantes nacionalistas e militantes dos direitos humanos em Angola, agindo com métodos de deportação, reclusão e difamação.[4] A autoridade politica portuguesa o forçou a fixar residência em Lisboa de onde voltaria dez anos depois, e onde estudou direito civil na Universidade de Lisboa.[1][5]
Em 10 de agosto de 1975, foi nomeado bispo de Malanje, sendo ordenado em 31 de agosto de 1975, na Catedral de Luanda, por Giovanni De Andrea, arcebispo-titular de Aquaviva e delegado apostólico em Angola, tendo como co-sagrantes a Dom Manuel Nunes Gabriel, arcebispo de Luanda e por Dom Eduardo André Muaca, arcebispo-titular de Tagarbala e arcebispo-coadjutor de Luanda.[1][2] Em 3 de fevereiro 1977, foi promovido a Arcebispo Metropolitano de Lubango, sendo também administrador apostólico ad nutum Sanctæ Sedis da Diocese de Ondijiva.[1][2]
Em 15 de outubro de 1982, durante uma visita pastoral, foi sequestrado por militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). O Papa João Paulo II apelou por sua liberdade durante o Angelus do domingo dia 31 de outubro; ele foi libertado no dia 16 de novembro seguinte.[1][6]
Em 5 de janeiro de 1983, foi anunciada a sua criação como cardeal pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 2 de fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de São Marcos em Agro Laurentino.[1][2]
Foi transferido para a Arquidiocese de Luanda em 16 de fevereiro de 1986, renunciando ao governo pastoral da arquidiocese em 23 de janeiro de 2001.[1][2] Perdeu o direito de participar dos conclaves aos 80 anos, completados em 1 de março de 2005.
Foi, também, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, entre 1990 e 1997.
Em 5 de junho de 2015 ingressou na Ordem dos Pregadores.[7]
Na época de sua morte era o mais idoso membro do Colégio dos Cardeais.[8]
Nascimento faleceu em 28 de setembro de 2024, aos 99 anos[9]
Conclaves
- Conclave de 2005 – participou do conclave para a eleição do Papa Bento XVI, mas não tinha direito ao voto, já que na época tinha mais de 80 anos.
- Conclave de 2013 – participou do conclave para a eleição do Papa Francisco, mas não tinha direito ao voto, já que na época tinha mais de 80 anos.
Homenagens
- Grã-Cruz da Ordem de Cristo, entregue na Embaixada Portuguesa de Luanda, em 19 de julho de 2010.[10][11]
- Doutoramento Honoris Causa pela Universidade Católica de Angola (2019).
Obras publicadas
- Após 15 anos, uma hora verdadeiramente eucarística nas ruas de Luanda : alocução feita no termo da procissão do corpo de Deus
- Caminhos da Esperança
- Como eu li o Livro de Rute
- Diário íntimo e outros escritos de piedade
- Do Conceito da Civilização e suas Incidências
- Do homem sem fé – suas possibilidades e Limites – Segundo Francisco Suarez
- Escritos pastorais
- Experiência constitucional angolana e a justificação dos direitos fundamentais
- Livro de ritmos
- Meditações para o ano Santo
- Pequeno livro de Nossa Senhora
- Sobre o belo e a Moral