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Episódio#3 -  Bandeira número um: ainda o combate à corrupção

No momento em que escrevo esta crónica, é claro para mim que o tema do dia é o das eleições presidenciais em França, onde o Presidente Emanuel Macron concorre à sua própria sucessão e, assim, obter dos franceses um segundo quinquénio. Tudo indica que Macron vai à segunda volta com Marine Le Pen, agora não mais a única candidata da extrema-direita francesa, pois tem ao lado o polémico escritor e jornalista Eric Zemour.

Pela segunda vez, tudo indica que os dois, Macron e Le Pen, voltarão a encontrar-se na segunda volta e, aí sim, poderemos ter uma disputa com maior entusiasmo. Não há até aqui certezas quanto à vitória de Macron na segunda volta, embora se diga que ele fará campanha verdadeiramente nessa fase, tal como as manifestações de apoio dos demais concorrentes e forças políticas possam fazer a diferença em prol de um ou doutro candidato.

Tout court, vale dar nota ao facto de as negociações de paz para o fim do conflito entre a Rússia e a Ucrânia prosseguirem nos últimos dias, o que não fez cessar o soar das armas e a destruição que se assiste dolorosamente em várias cidades da Ucrânia e o aumento do número de refugiados por toda a Europa e em direcção também à própria Rússia.

Tudo isso ocorre num ano de importantes eleições em vários países africanos também. No Senegal e no Congo estão previstas eleições legislativas que terão impacto nas do próximo ano. As coisas terão um tom diferente nas eleições presidenciais no Quénia onde, recentemente, o Presidente Uhruru Kenyatta manifestou o seu apoio ao seu antigo adversário Raila Odinga, afastando-se assim do seu Vice-Presidente, William Ruto, inicialmente apontado como o seu sucessor. Ainda assim, Ruto irá avançar com a sua candidatura de forma autónoma.

Se Kenyatta não se pode recandidatar a um terceiro mandato por força da Constituição, e aqui vamos sentindo a verdadeira viragem na ordem democrática da nova geração de líderes africanos que resistem, felizmente, qualquer tentação de mudança constitucional que lhe seja favorável para terceiros ou infinitos mandatos, a verdade é que outras eleições aguardadas com grande expectativa terão lugar no nosso país.

Em Angola, a disputa parece clara entre João Lourenço, candidato à reeleição e Adalberto da Costa Júnior pelo lado da UNITA ou de uma eventual coligação de partidos, se for este o desfecho que ninguém sabe do que será a polémica «Frente Patriótica».

João Lourenço e o seu histórico MPLA lançaram já o mote, com a abertura oficial da pré-campanha, ocorrida na província do Cunene, onde o seu Governo dá mostras de resolver em definitivo o bicudo problema da seca sazonal que assola aquela região, com a construção do nóvel, importante e longo canal do Cafu, com represas, que poderá assim transformar a paisagem da região – se for também feito um investimento maior na agricultura – e evitarem-se mais mortes de pessoas e do gado por causa da severa seca que amiúde os vai atormentando.

Mas, da sua intervenção na pré-campanha ressalto aqui a exaltação dos feitos e impactos do que tem sido o combate à corrupção. Podemos muitas vezes questionar alguns aspectos da forma como esse combate à corrupção é feito, mas há claramente o mérito de não olharmos para a questão de forma impávida e serena, como outrora, limitando-se aos discursos condenatórios. Há um conjunto de iniciativas em curso, ora pedagógicas, ora sancionatórias, que visam debelar ou pelo menos minimizar a corrupção no nosso seio e em diferentes formatos, tendo como fim último a moralização da sociedade. Não aceitarmos nem normalizarmos o que é anormal.

E quando o Estado tem vontade e capacidade de operar esse combate, evita-se o fluxo indevido de capitais, o que no linguajar comum significa evita-se o desvio de fundos públicos, sendo que os resultados vão saltando à vista de todos. Como escrevera recentemente, não reconhecer é pecado (Sic!).

 São resultados que ocorrem num ambiente de escassez. Ou seja, apesar do comportamento do preço do petróleo nos últimos dias, estivemos longe de navegar na fartura dos números do passado. O apoio externo está cada vez mais caro, competitivo e difícil e precisamos de começar a fazer contas com o pouco que temos. E essas contas, tenho repetido, passam também por prestarmos uma atenção especial ao tema da densidade demográfica. Do planeamento familiar à educação. 

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