Entrevista colectiva do Presidente João Lourenço
Íntegra da entrevista colectiva do Presidente da República, João Lourenço, concedida à TV Zimbo com o jornalista Amilcar Xavier, Jorna Expansão jornalista Faustino Diogo , Jornal “O País” jornalista Paulo Sergio, , Agência Lusa jornalista Nisa Mendes e ao Jornal de Angola jornalista César Esteves, na manhã, de 06 de Janeiro de 2022.
Palácio Presidencial
O Executivo está empenhado em tudo fazer para reduzir, de forma significativa, a presença do Estado na economia.
“O Estado quer desfazer-se de muitos activos que tem, por entender que este espaço deve ser ocupado pelos privados”, disse o Presidente da República, João Lourenço, durante a entrevista concedida à TV Zimbo, ao Jornal de Angola, ao Jornal Expansão, ao Jornal “O País” e à Agência Lusa, na manhã de hoje, 6 de Janeiro, no Palácio Presidencial.
O Presidente João Lourenço recordou aos jornalistas que o Executivo angolano, há três anos, negociou uma linha de crédito com um banco alemão (Deutsche Bank), avaliado em mil milhões de euros, para servir exclusivamente o sector privado.
“A única empresa que beneficiou desta linha de crédito, em 200 milhões de euros, chama-se Leonel Carrinho. Ainda estão disponíveis 800 milhões”, garantiu, alertando que o credor impõe condições e quem beneficiar desta linha de crédito tem cobertura de garantia soberana do Estado angolano.
Além de destacar a Carrinho, considerou a Omatapalo uma empresa de grande dimensão à altura de executar grandes empreitadas de obras públicas.
“Construiu o novo Complexo Hospitalar Cardio – Respiratória Dom Alexandre do Nascimento. Todos os países querem ter uma empresa dessa dimensão”.
Até ao momento, não sendo descoberta nenhuma ilicitude nas suas fontes de financiamento, o Presidente João Lourenço entende que o Estado deve acarinhá-la e criar condições para o surgimento de empresas nacionais que não busquem dinheiro à Sonangol ou à Endiama.
JUSTIÇA SELECTIVA
A pergunta sobre a existência de justiça selectiva no país não faltou à entrevista ao Presidente da República. Em resposta, pediu que se pare com a ladainha de perseguição de filho do A ou B.
“A justiça não se deve preocupar se de quem é filho. Fazer da nossa justiça selectiva é isso: dizer que o filho de A ou B não deve ser condenado. Se a justiça angolana se deixar levar por este caminho, não só deverá ser uma justiça selectiva, como será uma justiça injusta”.
CASO MANUEL VICENTE
Ainda sobre Justiça, João Lourenço explicou que Angola bateu o pé pela remessa ao país do processo do antigo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, porque havia acordos nesse sentido entre os dois países amigos.
“Com este exercício de defesa da soberania, não estamos a dizer que não há crime. Quem somos nós para dizer isso. Também não estamos a dizer que, com a recepção, o processo está arquivado. Se ele beneficiou do estatuto de ex- Vice-Presidente da República, a PGR deve cumprir. O que deve acontecer depois de perder as prerrogativas, a justiça sabe como fazer. Mas o processo não está arquivado”.
BAJULAÇÃO
O Presidente João Lourenço é contra a bajulação e o culto de personalidade.
“Se fosse a favor da bajulação e do culto de personalidade, nos kwanzas que tem no seu bolso teria lá a minha cara. Esse é apenas um exemplo, mas significativo”, disse sem rodeios ao jornalista que o questionou a respeito.
Para o Chefe de Estado, o culto de personalidade e a bajulação são nefastos, por isso combate estas práticas com actos concretos e não apenas com discursos.
“Eu não encorajo, mas se o fizer não sei que medida vamos tomar. Crime não é. É uma questão de educação e mudança de mentalidade”.
NOVO “AMÉRICO BOAVIDA”
Para o sector social, a grande novidade é que “daqui a dois ou três anos, teremos um novo Hospital Américo Boavida”.
Entre outras temáticas abordadas ao longo da entrevista, o Presidente da República manifestou a sua vontade de continuar a trabalhar para o bem-estar dos cidadãos angolanos, em particular dos trabalhadores.