Reportagem de Amílcar Xavier sobre 1.ª troca do moeda
Reportagem do Jornalista Amílcar Xavier da RNA sobre 1.ª troca do moeda, substituindo o escudo português pelo kwanza com intervenção do Presidente António Agostinho Neto
A moeda nacional completou, 45 anos de vida, desde que o Banco Nacional de Angola (BNA), autoridade cambial do País, procedeu à troca da moeda, substituindo o escudo português pelo kwanza.
Após se tornar Independente de Portugal, a 11 de Novembro de 1975, Angola continuava a usar o escudo como meio de pagamento. Só depois de dois anos, no dia 08 de Janeiro de 1977, o escudo foi retirado de circulação e o Kwanza passou a vigorar como moeda para operações comerciais e cambiais.
Em cumprimento do disposto nos artigos 8.º e 30.º da antiga Lei Constitucional, foi criado o kwanza como moeda nacional em substituição da então moeda colonial como meio de pagamento no território nacional, em 1977. Na altura 1 Kz equivalia a 1 escudo angolano. Na sequência, foram emitidas notas de valor facial de 1.000, 500, 100, 50 e 20 Kz, para além de moedas metálicas no valor de 10, 2 e 1 Kz (sendo 100 Lwei equivalente a 1 Kz). A moeda nacional teve como a mais pequena unidade o Lwei, em moeda metálica, o equivalente a 50 cêntimos, e a nota de 1.000 Kz como a nota de maior valor facial. Numa altura em que a circulação de pessoas e bens no País era relativamente pacífica, a operação da troca foi realizada em oito dias, o que na época foi considerado recorde.
A moeda teve uma cotação fixa de 33 Kz por 1 USD, mas as distorções económicas que surgiram ao longo dos anos levaram a uma inflação que deu origem a diversos programas económico-financeiros. Em 1981, 1984 e 1986 foram adoptadas pequenas alterações, através dos decretos n.º 7/81, de 28 de Janeiro, e n.º 27/86, de 13 de Dezembro, para garantir maior segurança da moeda e combater as falsificações que foram identificadas no mercado nacional. Quando o preço do petróleo, caiu de 30 USD, para 13 USD/barril, em 1986, fez-se sentir mais fortemente a sobrevalorização da moeda nacional, que tinha uma taxa de câmbio fixa de 30,214 Kz cada 1 USD. Uma das consequências da desvalorização que se observou na moeda foi a reiterada alteração da sua denominação. Com efeito, em 1990 entrou em circulação o novo kwanza (NKz), em substituição do kwanza, e em 1995 a mesma razão levou à criação do kwanza reajustado (Kzr). Ambas as moedas atingiram valores faciais tão altos como a nota de 5.000 Kz. Assim, o BNA viu-se forçado, em Dezembro de 1999, a pôr fim ao kwanza Reajustado voltando a emitir o kwanza.
A 18 de Fevereiro de 2013, arranca o processo de actualização da moeda nacional, com o lançamento das moedas metálicas de 50 cêntimos, 1, 5 e 10 kwanzas. Em Março de 2013, o BNA lançou as notas de 50, 100, 200, 500, 1.000, 2.000 Kz. Em Maio, foi lançada a nota de 5.000 Kz. As normas internacionais, segundo o BNA, recomendam sete anos como o tempo máximo de circulação das notas. No âmbito das comemorações do 40.º aniversário da independência nacional, assinalado a 11 de Novembro de 2015, o BNA pós em circulação novas moedas metálicas de 50 e 100 Kz. Entretanto, a moeda nacional continua a depreciar-se, chegando a mínimos históricos, depois do BNA ter procedido à desvalorização perante a queda contínua das receitas do Estado. Em 2015, em termos oficiais 1 USD valia 156,3 Kz, hoje, vale 488,5 Kz. Este ano, como sabe, o BNA efectuará a emissão da nova família da moeda nacional. A série de 2020 da moeda compreende notas com valores faciais de 200, 500, 1000, 2000, 5000 e 10 mil kwanzas. Angola é dos países africanos que faz a gestão própria da moeda, ao contrário de algumas nações independentes, que este meio de troca continua a ser gerido a partir da Europa.
Tópicos(s): BNA, Escudo, Kwanza, moeda, residente António Agostinho Neto, RNA